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De Norte a Sul, o processo de recuperação da economia é o principal lema dos setores empresariais do Brasil para 2017. No comércio, o excessivo número de feriados e suas “pontes” (dias “enforcados”) se tornam uma preocupação a mais nesta meta. Numa análise inicial, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) estima que o comércio varejista brasileiro deverá deixar de ganhar R$ 10,5 bilhões em 2017 devido aos feriados nacionais e feriadões. O montante é 2% superior ao projetado no ano passado.
Em Campos, as entidades representativas do comércio e da indústria também observam com preocupação esta realidade. Presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campos (CDL), Joilson Barcelos aponta o funcionamento do comércio em algumas datas como alternativa. “Vamos nos reunir, ainda em janeiro, para definir o calendário. Tendo a liberdade de funcionar, desde que pague os direitos trabalhistas, o comerciante pode abrir seu estabelecimento em qualquer feriado. O problema é que as pessoas esvaziam a cidade. São muitos feriadões. Uns vão ser respeitados, outros não. O comércio vai funcionar na maioria destes feriados”, destaca Barcelos.
José Luiz Lobo Escocard, presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), tem preocupação com o custeio do funcionamento das lojas nestas datas. “Os custos que o comerciante tem não compensam, porque eles teriam que conseguir uma remuneração em dobro, para pagar os direitos trabalhistas dos funcionários”, afirma, ressaltando o apoio da Acic às decisões das demais entidades de classe do comércio e indústria, como CDL, Carjopa, Firjan e Sindvarejo.
A pesquisa realizada pela Fecomercio determina que os custos adicionais podem inviabilizar a opção de os estabelecimentos abrirem as portas nos feriados. De acordo com a entidade, o comércio aumenta seus custos em 100% para trabalhos em feriados. Segundo a entidade, “em nome da modernização das relações trabalhistas, seria oportuno que essa questão fosse debatida, pois o excesso de proteção por meio dessa elevação de custos acaba prejudicando as empresas, que acabam optando por não abrir no feriado, e também os empregados, que reduzem seus rendimentos ao deixar de obter as comissões sobre as vendas”.
Também na capital mineira, o número de feriados preocupa. Segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), apenas em um dia de comércio fechado, o setor deixa de faturar R$ 64,2 milhões. Somando todos os feriados deste ano, o prejuízo seria de R$ 976,7 milhões.
Bruno Falci, presidente da CDL/BH, lamenta o fato de o comércio da capital não poder funcionar nos feriados. “Os consumidores poderiam conciliar lazer e compras. Mas, tradicionalmente, não é isto que acontece aqui”.
“Funcionar ou não é uma questão cultural”
Para Joilson Barcelos, o funcionamento do comércio nos feriados é também uma questão cultural. “Aos poucos, os comerciantes vão enxergar que abrir no feriado é bom, funciona. O comércio de Campos está em mutação. Já notamos mudanças no horário de funcionamento diário. A tendência, agora, é abrir cada vez mais nos feriados. O ano 2017 tem um calendário atípico. O Natal e o Ano Novo, por exemplo, vão cair em dias de segunda-feira. São caprichos do calendário. Em suma, todo mundo está autorizado a abrir o comércio. O trabalho da CDL é fazer com que os comerciantes decidam juntos se vão abrir ou fechar suas lojas. Não adianta uma loja abrir e a outra não. A CDL quer injetar essa cultura de que vale a pena funcionar no calendário”, diz.
O presidente da CDL cita as grandes cidades como exemplo dessa relação comércio-feriado. “No dia em que fecha, o comerciante perde 100% do dia, não fatura nada. No Rio de Janeiro, por exemplo, o comércio abre, porque ele fatura em cima do turista. Como Campos não é uma cidade turística, aqui acontece o contrário; o comércio perde. Por isso, termos um calendário próprio”.
Opiniões divididas no Centro da cidade
Nas ruas da cidade, o assunto divide opiniões. O aposentado José Fonseca, 72 anos, acredita que pelo perfil interiorano que Campos ainda tem e pela falta de apelo no Centro, as lojas ficarão sempre vazias nos feriados. “A tentativa pode até ser válida, mas não creio em resultados positivos, pelo menos a curto e médio prazo”, afirma.
— Boa opção para aqueles que não têm tempo para uma boa escolha ou verificar os preços durante a semana. Eu gostaria de ver as lojas abertas nos feriados — afirma Judite Almeida, dona de casa, 48 anos.
Pelo levantamento da Fecomércio, no país, o setor de vestuário, tecidos e calçados deve deixar de ganhar aproximadamente R$ 1,1 bilhão com os feriados de 2017, um crescimento de 23% em relação a 2016.
Em Campos, José Luiz Lobo Escocard diz que é complicado estipular valores, mas que a perda é considerável. “Em valores eu não posso mensurar, porque as atividades são múltiplas, mas, obviamente, há uma perda substancial”.
Fonte: Ascom