segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Rafael vistoria Hospital Ferreira Machado

(Foto: Marcos Gonçalves)
O prefeito de Campos Rafael Diniz (PPS) realizou, nesta segunda-feira (2), primeiro dia útil de governo, uma visita ao Hospital Ferreira Machado (HFM). A inspeção acontece após Rafael informar, em coletiva realizada antes mesmo da posse, que a área da saúde — que foi alvo de diversas denúncias durante a última gestão — será priorizada no seu governo. Segundo a assessoria do prefeito, a intenção é verificar a situação do HFM, sendo que, posteriormente, outras unidades hospitalares serão visitadas.

Rafael — que lembrou que ainda está tomando pé da realidade financeira do município — foi recepcionado pelo diretor-geral do hospital, Pedro Ernesto Simão, e pelo diretor-clínico, Marcos Quintanilha. A situação caótica, como falta de materiais e pacientes deitados em macas nos corredores, pôde ser flagrada durante a visita.

— Deixando claro, como tenho deixado desde o processo transitório, que saúde é a nossa prioridade no momento. É a primeira de muitas visitas. Notamos que a situação se mostrou mais difícil ainda. A gente vê um centro cirúrgico que poderia estar funcionando, mas está parado, servindo de entulho para materiais e equipamentos que poderiam estar em funcionamento e não estão por falta de manutenção. A gente roda o hospital e vê toda uma estrutura precária e abandonada, mesmo naqueles setores que receberam certa reforma do governo. Se chover, alaga todo o espaço — disse Rafael Diniz, que passou, durante a visita, por vários setores, entre eles pediatria, centro cirúrgico, repousos masculino e feminino, ortopedia e emergência.

De acordo com Pedro Ernesto Simão, a falta de medicamentos é alarmante. Ele apontou que de 245 medicamentos necessários na farmácia, faltam 203. “Abastecer o hospital é prioridade no momento”, disse. O diretor-geral ainda falou que, por falta de materiais, “deixam de ser feitas, no centro cirúrgico, oito cirurgias eletivas por dia”. Pedro também lembrou que o repouso dos médicos foi reformado pela Faculdade de Medicina de Campos, já que os alunos da unidade utilizam o hospital, como indica placa na parede do setor, com data de setembro de 2016.

Já Marcos Quintanilha falou que cerca de 20% dos pacientes que estão no HFM deveriam ser atendidos por Unidades Básicas de Saúde (UBS). “O Ferreira Machado, assim como o HGG, é apenas para atender vítimas de traumas. A continuidade do tratamento tem que ser feita em outras unidades, o que não acontece por falta de estrutura. É necessário fazer uma readequação”.

Sobre a situação indicada por Quintanilha, Rafael comentou: “Sem dúvidas, quando você oferta um trabalho melhor na ponta, você desafoga nos hospitais. Então, a ideia é fazer o programa saúde da família funcionar lá na ponta, fortalecer as UBSs de todas as localidades para evitar essa superlotação nos hospitais, deixando eles para as questões emergências, já que é para isso que funcionam”.

Pacientes relatam caos no HFM

Cena comum nos hospitais Ferreira Machado (HFM) e Geral de Guarus (HGG) durante os últimos é pacientes alojados em macas nos corredores. A situação foi mais uma vez registrada no HFM nesta segunda, durante a visita do prefeito Rafael Diniz.

O verdureiro Adriano Lima, 23 anos, acompanhava, em pé, o irmão dele, que sofreu um acidente de trânsito no domingo (1). Ele comentou sobre as condições de atendimento. “Quando cheguei, à noite, até fomos bem recebidos e ele passou pelo primeiro atendimento. Depois disso, colocaram meu irmão na maca, deixaram ele aqui no corredor e estamos até agora (por volta das 9h30) aqui. Ontem (domingo), minha prima estava aqui com ele e ficou em pé ou sentada no chão, porque não tem nem cadeira para o acompanhante”, relatou.

Ao lado de Adriano, uma acompanhante usava um pedaço de plástico para abanar um paciente. “Está muito calor aqui”, disse ela, que preferiu não se identificar ou falar mais com a imprensa.

Em outro corredor do hospital estava a serviços gerais Denisani Ribeiro, 33 anos. Ela contou que fraturou o fêmur e chegou ao hospital no domingo à tarde. “Passei por um primeiro atendimento, tiraram um raio-X e depois não fizeram mais nada. Só me deixaram aqui na maca no corredor, além de me darem uma injeção com medicamento para eu sentir menos dor”, falou.






Fonte: Folha da Manhã