quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Estudante é mantido refém durante roubo em unidade da Uenf

(Foto: Jhonattan Reis)
Um aluno de doutorado foi mantido refém e deixado amarrado a uma árvore, na madrugada desta quinta-feira (16), durante um arrombamento no Centro de Ciências Tecnológicas Agropecuárias (CCTA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), em Guarus, de onde foram roubados diversos equipamentos, somando um prejuízo de cerca de R$ 50 mil, e até ovelhas. O CCTA funciona na área da Escola Técnica Agrícola Estadual Antônio Sarlo, no Parque Aldeia. Um trator da unidade foi usado pelos ladrões para levar os materiais e depois abandonado próximo a Furnas. Profissionais da Uenf reclamaram da falta de segurança no local desde novembro de 2016.

De acordo com um professor e pesquisador, que preferiu não se identificar, foram levados, do setor de Forragicultura e Nutrição de Ruminantes, computadores, balanças e aparelhos de ar condicionado, entre outros utensílios. Os criminosos colocaram os equipamentos no trator, que estava em uma garagem, e seguiram de uma unidade para a outra em busca de novos materiais. Também segundo o professor, seriam três homens encapuzados e um adolescente.

Quando o bando invadiu outra unidade do CCTA, por volta de 1h, encontrou um aluno de doutorado, de aproximadamente 25 anos, dormindo no local. Ele foi amarrado a uma árvore e ameaçado de morte pelos bandidos. Após saquearem o setor em que o estudante estava, de onde foram roubados três ovelhas, roçadeiras, um botijão de gás e aparelhos de ar condicionado, os criminosos saíram do local, deixando o aluno amarrado. Ele foi encontrado por funcionários do CCTA, quando chegaram à unidade para trabalhar, por volta das 5h30. Ninguém havia sido detido como suspeito até o fechamento desta matéria.

— Trabalho aqui há pelo menos 20 anos e nunca vi um caso como este na unidade. Já houve portas depredadas e animais de pesquisa mortos, mas nunca um arrombamento desse tipo, ainda mais com aluno refém. É uma área muito perigosa — disse o professor e pesquisador.

Chefe de gabinete da reitoria, Raul Palacios destacou que as pesquisas sofrem com atrasos por conta da falta de segurança. “Uma fruta ou um animal que é roubado atrasa todo o desenvolvimento de uma pesquisa, que tem que voltar ao zero. Desta vez, o caso foi mais grave, pois um estudante teve sua vida em risco”, afirmou.

Membros do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Estado do Rio de Janeiro (Sintuperj) estiveram no local. A subcoordenadora administrativa financeira do Sintuperj, Maristela de Lima Dias, falou sobre a situação. “A falta de segurança está impedindo a unidade de manter pesquisas e aulas. Os técnicos ficam à mercê aqui. Não há segurança nenhuma à noite. O governo fala muito sobre o servidor público e despesas, mas é importante que a população saiba que o servidor é essencial para manter um ensino público de qualidade”.

A presidente da Associação dos Docentes da Uenf e professora do curso de medicina veterinária, Maria Angelica Pereira, ressaltou a falta de segurança no local. “A sede está sem segurança e isso impede o trabalho. É um local de experimentos e trabalhos de pós-graduação e muitos alunos e funcionários acabam ficando até mais tarde, colocando a vida em risco”.
A Folha contatou a assessoria de imprensa da secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e aguarda resposta.
A assessoria da Uenf ressaltou, em nota, que a “área utilizada pela universidade” no Colégio Agrícola está “sem contar com serviço de segurança desde novembro de 2016” e que o local foi alvo de vandalismo e diversos roubos. “A empresa que fazia o serviço de segurança da Uenf suspendeu os trabalhos em novembro de 2016 devido à falta de pagamento pelo Governo do Estado”, apontou.

Em novembro, o reitor da Uenf, Luis Passoni, comentou sobre a falta de segurança e falou que a universidade buscou apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal. “Isso para suprir essa questão dos serviços das terceirizadas. Os vigilantes primeiro reduziram o efetivo para 30% e depois foram paralisando as atividades até chegar à paralisação completa”, disse, à época.

Nesta quinta-feira, o reitor informou que vem tentando, junto ao Governo do Estado e à Prefeitura de Campos, uma solução para o problema da falta de segurança na Uenf.







Fonte: Folha da Manhã