O ex-ditador cubano, Fidel Castro, que surpreendeu ao comparecer à abertura da nova Assembleia Nacional, em Havana(foto: Ismael Francisco/Reuters) |
O general Raúl Castro, 81, anunciou, neste domingo, que esse será seu último mandato como ditador de Cuba. O anúncio foi feito em um discurso ao novo Parlamento do país, pouco após ter confirmado o segundo mandato, com duração de cinco anos.
Com isso, Raúl deve entregar o poder a um sucessor em 24 de fevereiro de 2018.
Conforme a imprensa oficial cubana, a decisão está de acordo com a intenção de Raúl de limitar os cargos políticos a um máximo de dez anos.
Também neste domingo foi escolhido o novo "número dois" do regime, o vice do Conselho de Estado, Miguel Diaz-Canel, que fará 53 anos em abril que vem. O político é engenheiro elétrico de formação, ex-ministro da Educação e herdeiro político do presidente, com vistas a projetar o único regime comunista do Ocidente para o futuro.
Na sexta-feira (23), Raúl brincou sobre uma possível aposentadoria durante encontro com o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, em Havana. "Vou renunciar. Vou completar 82 anos, tenho direito de me aposentar. Vocês não acreditam?", disse, rindo.
Desde que sucedeu ao irmão Fidel oficialmente, em fevereiro de 2008, Raúl promoveu reformas consistentes, sobretudo inserindo elementos de economia de mercado no sistema estatal, sem ameaçar o poder do Partido Comunista Cubano (PCC).
Também promoveu reformas sociais, como uma nova lei migratória que libertou em janeiro os cubanos das permissões de viagem e a autorização desde 2008 para comprar telefones celulares e computadores, assim como para se hospedar em hotéis, que até então eram reservados aos turistas estrangeiros.
Todas estas reformas são migalhas para a oposição, que continua exigindo liberdade de expressão, liberdade de associação e direito à manifestação perante um regime que considera todo opositor um "mercenário" pago pelos EUA --país que mantém um embargo financeiro contra a ilha há mais de 50 anos.
Fidel governou o país por 49 anos e reapareceu no domingo na sessão de abertura da Assembleia Nacional, depois de se ausentar repetidamente devido a uma doença grave que sofreu em 2006.
Fonte: Folha de São Paulo