(Fotos: Ralph Braz) |
Feirantes e lojistas da área do Mercado Municipal vivem na incerteza em relação à transferência e obras. Muitos dizem preferir ficar no local que estão e em caso de transferência temem prejuízos. O presidente da Companhia de Desenvolvimento do Município de Campos (Codemca), Wainer Teixeira, não deu prazos, mas garantiu que concluirá “o complexo, portanto as obras, até o término do mandato da prefeita (Rosinha)”.
O feirante Alair dos Santos, de 35 anos, falou sobre a situação. “Um fala uma coisa, outro fala outra. Se sair daqui vai ser prejudicado. Continuando aqui está ótimo. A Prefeitura não se posiciona. A gente nem procura saber. Olha o camelô como está”, desabafou.
O feirante Carlos Henrique Mendes, de 30 anos, também comentou: “Até o momento não falaram nada. Eles querem que a feira saia. A informação que tinha é que só os feirantes seriam transferidos. A gente precisa também do açougue, da peixaria. O ideal seria todos juntos. O camelô está tomando prejuízo. Pelo que vi, o andar do local provisório está pronto. O local lá é menor. Por mim não sairia daqui. Sair é fácil, quero ver para voltar. Tem freguês acostumado que, se não encontrar a gente, não compra”.
O feirante Genilson Martins, de 59 anos, criticou: “A transferência não vale a pena. O camelô acabou, não vende nada. Os feirantes não querem sair. Se sair, passam fome”.
A equipe de reportagem da Folha, durante essa semana, esteve no local provisório dos feirantes. Havia funcionários trabalhando no local e as bancas de concreto já estavam em pé.
Wainer Teixeira informou que são 460 feirantes (incluindo os peixeiros) e 179 lojistas do prédio do mercado. “Já teríamos feito a mudança dos feirantes para o espaço provisório da feira, caso não fosse uma reivindicação da associação dos feirantes, que atendemos, porque houve concordância dos comerciantes que atuam dentro do prédio do Mercado. O pedido foi no sentido de que a feira somente fosse transferida junto com os comerciantes do mercado. Por isso, embora o espaço provisório da feira esteja com tudo ponto, estamos acelerando as obras do espaço provisório do mercado, que é anexo, para que esteja com as obras concluídas e, então, possamos fazer a transferência, tanto dos feirantes como dos comerciantes. E, assim, os dois segmentos possam funcionar juntos, enquanto durar o tempo das obras de restauração do prédio histórico do Mercado Municipal, bem como a construção da nova feira livre”, disse, acrescentando que o espaço provisório está com cerca de 90% das obras concluídas.
Ainda de acordo com Wainer, um recadastramento será realizado. “De comum acordo com a superintendência de Agricultura, a secretaria de Desenvolvimento Econômico e também com as duas associações, definirá o recadastramento que vai ser fundamental para guiar com tranquilidade a própria transferência deles e discutir as próximas etapas”, disse.
Sobre prazos, Wainer destacou: “Desde quando assumi a companhia, evito definir datas, por uma série de razões. A primeira delas é que efetivamente você encontra percalços, seja de sentido dos próprios projetos, das próprias reivindicações dos permissionários...”
Camelódromo registra queda nas vendas
Permissionários do Shopping Popular Michel Haddad, que atualmente estão no local provisório no Parque Alberto Sampaio, reclamaram da queda das vendas. Eles já realizaram várias manifestações. “A data que vamos voltar para o local definitivo não sabemos. Dizem que só tem o piso da obra. O movimento daqui está parado. Queremos voltar”, disse um permissionário, de 61 anos, que preferiu não se identificar.
Indagado sobre a reclamação de prejuízos, Wainer destacou: “Compreendo eles. É inegável que o maior corredor de fluxo de pessoas é a Barão de Amazonas, que liga a rodoviária Roberto Silveira ao centro da cidade. Agora, perderam vendas porquê? Porque só mudaram? Talvez eles percebam dessa forma. Perderam vendas como toda cidade perdeu. Não só porque mudaram.”
Na última terça-feira (28), uma equipe da Folha esteve no local da obra do novo camelódromo e havia funcionários no local. Já na quinta-feira (30) à tarde, não havia operários na obra, mas um vigia informou que os mesmos teriam ido, mas saído mais cedo. No local, a obra está no piso.
O presidente da Codemca informou também que as obras do shopping também correm simultaneamente com serviços de infraestrutura, como redes de abastecimento hidráulico, de esgoto e dutos para futuras redes de energização.
Recursos para garantir que haja preservação
O Observatório Social de Campos encaminhou, no dia 8 de junho último, um recurso ao Conselho Superior do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro solicitando a reabertura do Inquérito Civil (IC) nº 156/2014 (MPE), que trata das obras do Mercado Municipal de Campos, bem como da preservação deste prédio e das atividades do seu entorno. O recurso, feito por meio do Ofício nº 10/2015, solicita não apenas a abertura do IC 156/2014, mas também a realização de audiência pública.
Segundo o presidente do Observatório, o arquiteto Renato Siqueira, esse recurso mostra que não houve a manifestação dos feirantes e camelôs (que são os permissionários) nos autos e, além disso, contesta a afirmação do MPE-Campos de que não existem alternativas viáveis para conciliar as atividades econômicas atuais do local com a liberação, a valorização e a revitalização do entorno urbanístico do Mercado.