segunda-feira, 24 de agosto de 2015

FESTIVAL DE DOCES PALAVRAS, VAI RESGATAR TRADIÇÃO DE DOCES CAMPISTAS

(Foto: Reprodução)
Embora os mais jovens desconheçam, Campos dos Goytacazes carrega em sua história a tradição dos doces caseiros e em compotas. O município foi e ainda é o maior produtor de açúcar do Estado do Rio de Janeiro e não à toa que o doce mais emblemático, o chuvisco, ganhou o 1º lugar no prêmio Maravilhas Gastronômicas na categoria Doces e Compotas em 2014 e a goiabada cascão, também de origem campista, concorre à mesma premiação este ano. Com o objetivo de resgatar esse simbolismo entre os moradores da cidade, acontece entre os dias 23 e 29 de setembro o Festival Doces Palavras (FDP!), na qual os quitutes serão os grandes protagonistas.

Além do chuvisco, que chegou a Campos pela Família Real Portuguesa, e da goiabada cascão, confeccionada pelos escravos, outros doces são considerados “virtudes turísticas” do município, como a ambrosia, a baba-de-moça, o fio de ovos, o bom-bocado, a rapadura, o quindim e o melado. Eles estarão à venda no Jardim do Liceu e na Vila Maria durante o evento. Segundo a diretora do departamento de turismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ana Néri Lisboa, os doces campistas estão atrelados à memória afetiva dos mais antigos e a ideia é torna-los parte da realidade da juventude.


“Antigamente, nenhuma festa em Campos era feita sem o chuvisco; mas hoje essa tradição se perdeu. O Festival Doces Palavras veio para apresentar a cultura aos que ainda não conhecem e recuperar o costume de fazer e comer os doces produzidos na nossa cidade”, explicou. 

A doceira Fátima Braga contou que a expetativa é grande. De acordo com ela, após a extinção do Festival de Doces, que acontecia durante a Festa de São Salvador, faltava no município um evento que valorizasse essa herança cultural. “As doceiras de Campos estão bastante empolgadas com o FDP!. Esperamos que o público se delicie! Já preparamos o ‘cardápio’ e podemos afirmar que muito irão se surpreender”, disse.


Fátima e outras doceiras de renome no município decidiram inovar: os doces tradicionais vão ganhar uma nova cara e sabor. O chuvisco, por exemplo, agora virá recheado de goiabada. O brigadeiro de chocolate se transformará em brigadeiro de queijo com recheio de goiaba. O ninho de ovos também estará recheado de queijo e geleia de goiaba, assim como o suspiro, o rocambole e o charlotte, todos com “gostinho de Campos”. Também estarão a venda os “doces nobres”, de tradição portuguesa reproduzidos no município há mais de 100 anos, como o presuntinho de amêndoa, o ouriço de coco, o camafeu de nozes, o casadinho, as tortinhas, entre outros.

Durante o FDP!, crianças e adultos também aprenderão a confeccionar os doces que estarão a venda. Serão ministradas oficinas teóricas (para adultos) e práticas (para crianças) no Jardim do Liceu e na Vila Maria. Na quinta-feira (24), às 10h, os pequenos aprenderão a fazer cupcake; às 15h, será vez dos adultos aprenderem a fazer brigadeiro com goiabada. Na sexta-feira (25), às 10h, haverá festival de brigadeiro infantil e às 15h, os adultos poderão participar da oficina de doces em compotas. No sábado (26), às 13h, acontecerá a oficina de chuvisco voltadas aos adultos e às 15h, o público infanto-juvenil poderá se inscrever no festival de biscoito decorado. No domingo (27), último dia do evento, a Fátima Braga ensinará a fazer os doces nobre às 13h e às 15h acontecerá novamente a oficina de cupcake para as crianças. A programação está sujeita a mudanças. As inscrições poderão ser feitas uma hora antes das oficinas.


História dos Doces
O chuvisco, embora seja considerado típico da cidade de Campos, é um doce da culinária portuguesa trazido quando a Família Real Portuguesa veio ao Brasil. Há quem diga que o doce era o favorito do D. Pedro I, que visitou o município quatro vezes. A tradição na cidade começou quando uma das doceiras mais famosas de Campos, a Mulata Teixeira, ganhou a receita e aprendeu a confeccionar o chuvisco. Os ensinamentos passaram através das gerações. O doce é feito a base de gema de ovo e açúcar e pode ser servido em calda ou cristalizado.

Já a goiabada cascão é uma receita que veio dos escravos. Eles faziam o doce de goiaba para os senhores de engenho e com as cascas e sementes que sobravam, eles produziam a goiabada cascão para servir entre eles.





Fonte: Terceira Via