"É uma vergonha a Prefeitura pagar os salários dos cargos de confiança e deixar faltar o leite da minha filha”. A declaração de Mara Cristina Tavares, mãe de uma menina de quatro meses, que desde dois anos, necessita da utilização do leite Neocate, por ter múltiplas intolerâncias alimentares. Ela diz que deveria ter retirado cinco latas na semana passada, mas conseguiu apenas duas. A falha na distribuição de latas de leites especiais — Neocate, Neocate Advance, Pregomin, Isomil, Aptamil, sem lactose, e Pediasure, que, atualmente, em farmácias de Campos, custam entre R$ 65 e R$ 190 — é um problema recorrente na cidade.
Por volta das 16h de ontem, as mães de crianças, que dependem da secretaria municipal de Saúde para liberar esse tipo de alimento, se reuniram na sede do órgão para cobrar explicações de mais um atraso e tentarem descobrir quando vão receber as latas. Na semana passada, as latas teriam sido entregues, em quantidades insuficientes, e a Gerência de Nutrição teria informado que a distribuição seria normalizada até o final desta semana, o que não aconteceu.
Mãe de um menino de cinco anos, que preferiu não se identificar, informou que desde que um gastroenterologista prescreveu o Neocate Advance, em março deste ano, esta é a quarta vez que tem problemas com a distribuição. “Pegamos as latas, por quinzena, e na semana passada, que era o dia correto de pegar, consegui retirar apenas três latas, sendo que o certo era pegar seis”, disse.
De acordo com Greiciane Moraes, ela teria que apanhar 14 latas de Neocate para a sua filha e não conseguiu. “A saída para o problema será diminuir a quantidade de leite e aumentar a de água ou dar água com açúcar, quando a menina for mamar”, ressaltou.
Em nota, “a secretaria de Saúde informou que em julho deste ano atendeu 520 crianças, distribuindo 5.140 latas de fórmulas especiais, como por exemplo, Neocate, Neocate AD, Pregomin e Aptamil. Esse serviço não é garantido pelo SUS, mas é um programa municipal, pago com royalties do petróleo. A secretaria de Saúde realizou todos os trâmites administrativos para aquisição das fórmulas especiais de nutrição, que vêm sendo distribuídas ao longo do ano. A previsão é que, nos próximos dias, novos lotes das fórmulas sejam entregues”.
Problemas começaram há quatro anos
A Folha vem publicando desde 2011, a falta de leite especial em Campos. Matérias abordavam a falha na distribuição e as reclamações das mães, que por não terem condições de comprar as latas, são obrigadas a recorrer ao cartão de crédito, sem saber se poderão pagar futuramente. Doações foram feitas de São Paulo. Outra alternativa encontrada pelas mães foi a utilização de água com açúcar.
Uma postagem publicada, em setembro de 2011, no blog Ponto de Vista, de Christiano Abreu Barbosa, hospedado na Folha Online, do Grupo Folha mostra o relato de um pai de uma menina de cinco meses, na época, que utilizava por mês, 16 latas do leite Pregomin Pepti, mas que não conseguia ter acesso as latas na Gerência de Nutrição.
Na tarde de ontem, a equipe da Folha entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde, por email, às 15h35, para saber do motivo de mais uma falha na distribuição dos leites especiais e se há uma previsão para a normalização, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.
Fonte: Folha da Manhã