domingo, 4 de outubro de 2015

DESCASO: ENTULHOS DE DEMOLIÇÃO DO ATAFONA PRAIA CLUBE NÃO SÃO RETIRADOS

(Fotos: André Silva)
Quem conhece o litoral sanjoanense se habituou aos longos dos anos em encontrar entulhos nas praias, causados pelo avanço do mar que já destruiu centenas de construções. Nos últimos dias, no entanto, as ferragens retorcidas, tijolos, cimentos e concreto encontrados na faixa litorânea entre Atafona e Grussaí são frutos de outras ações, não a da força do mar. A Prefeitura de São João da Barra demoliu o Atafona Praia Clube, a “casa inclinada” — propriedade da família Salgado que apesar das investidas do mar não sucumbiu por completo — e quiosques, estes por determinação do Ministério Público Federal (MPF). Nem todos os entulhos foram retirados, o que deixa o cenário ainda mais triste, reflexo da destruição. A recolhida está acontecendo através de um cronograma, segundo a Prefeitura.



A demolição do Atafona Praia Clube aconteceu no dia 11 de setembro. A Defesa Civil interditou o imóvel em março, convocou os proprietários a demolirem o espaço, mas ninguém apareceu. Então, o órgão municipal pediu ao Ministério Público Estadual (MP-RJ) o nada a opor para efetuar o derrubamento do prédio. A demolição teve grande repercussão, por representar o fim de uma era. Os entulhos continuam no local. “É muito triste tudo o que aconteceu. Ver o clube ser demolido é como levar um pedaço da nossa história. O pior agora é ver tudo isso aqui quebrado. Sem falar que causa risco as pessoas, são muitas pessoas que andam em cima desses entulhos por curiosidade”, afirmou Jorge Meireles, morador de Atafona.

A demolição dos quiosques aconteceu no início de setembro, em cumprimento a uma ação civil pública movida pelo MPF desde 2007 contra o município e proprietários de 60 quiosques no espaço entre o Pontal de Atafona e a Lagoa de Grussaí. Apesar dos recursos, o imbróglio chegou ao fim com a demolição, conforme pedido do MPF. “A decisão da justiça tem que ser cumprida, não se questiona. Acho complicada essa situação. Por que outras praias têm quiosques e em São João da Barra não pode ter? Ainda destroem e deixam os entulhos. Tomara que seja tudo retirado antes do verão”, questionou a dona de casa Maria José Barreto, também residente do litoral sanjoanense.

A demolição dos quiosques resultou de uma apuraçãosobre a construção sem licença em municípios do Norte Fluminense. Segundo vistoria do Ibama, o comércio na orla causava vários impactos negativos nos ecossistemas locais, como a intensificação da erosão, o fim do manguezal, a destruição da flora nativa e a mortandade dos filhotes de tartarugas marinhas que depositam ovos na região. Já a do clube e da casa inclinada, foi por determinação da Defesa Civil, que constatou risco de desabamento dos imóveis.


Recolhimento segue cronograma

Embora a presença dos entulhos na praia sanjoanense continue chamando a atenção, negativamente, de moradores e visitantes, a Prefeitura já recolheu os escombros de construções em alguns pontos, como na lagoa de Grussaí e os da “casa inclinada” em Atafona. De acordo com a secretaria de Meio Ambiente de São João da Barra, “a Prefeitura está retirando os entulhos seguindo um cronograma de trabalho compatível com a demolição. Ou seja, o primeiro quiosque demolido foi o primeiro entulho recolhido. De modo que o Atafona Praia Clube será o último. O trabalho acontece todas às terças e quintas-feiras”.

O clube é o local que acumula a maior quantidade de entulhos. As paredes do salão de festas do período de auge do carnaval, os banheiros, a sauna, as piscinas, as quadras de esporte, o bar, tudo hoje não passa de escombros.

Segundo a Prefeitura, os entulhos “estão sendo levados para o transbordo (antigo lixão)”. A área fica distante do perímetro central da cidade, atrás da localidade da Chatuba.







Fonte: Folha da Manhã