Em estado de greve, médicos plantonistas lotados na emergência dos Hospitais Ferreira Machado (HFM) e Hospital Geral de Guarus (HGG) protestaram contra as declarações do atual secretário de Governo Anthony Matheus proferidas no seu programa de rádio nas últimas semanas, em que foram alvo de críticas. O assunto foi comentado no Blog do Bastos, de Alexandre Bastos, hospedado na Folha Online, do Grupo Folha. Desde o final do mês passado, os profissionais entraram em estado de greve, em repúdio ao corte nos salários, efetuado pelo governo municipal. Os cortes só foram descobertos quando os médicos receberam os contracheques do mês de janeiro. Em um dos casos, o funcionário recebeu R$ 3.379,75 a menos, com corte de R$ 1.023,75 no salário de uma matrícula e outro de R$ 2.356 no segundo vínculo.
Em nota, referendada por 80 médicos presentes em uma assembleia no último dia 09, os profissionais disseram que o HFM é referência de urgência e emergência em saúde para toda a região incluindo municípios de São João da Barra, São Francisco de Itabapoana, São Fidélis, Italva e Cardoso Moreira e ainda parte de Macaé, Conceição de Macabu estendendo-se em alguns casos até Região dos Lagos e Casimiro de Abreu. Por isto figura entre os hospitais do Estado do Rio de Janeiro, como um dos principais no atendimento a urgência, além da referência regional em AIDS e Tuberculose. As equipes de plantão incluindo médicos, profissionais de enfermagem, assistentes sociais, funcionários administrativos e outros funcionam em perfeita harmonia de forma respeitosa e integrada cumprindo cada qual sua função no compromisso assumido. “Não é verdade, portanto como disse o secretário, que tenha flagrado ‘enfermeiro cumprindo papel de médico’, até porque tal fato é exercício ilegal da profissão passível de punição pelo conselho profissional correspondente e processo civil”, disse a nota.
Outro ponto destacado pelos médicos é que, com frequência há falta de material de consumo bem como de instrumental adequado para o atendimento a pacientes em várias especialidades. Que as instalações físicas estão inadequadas, mal conservadas, comprometendo o atendimento a população. A regulação de internações nos hospitais credenciados da rede não dá conta da lotação e demanda causando pletora no pronto socorro. “O que os médicos querem é um piso salarial digno para a categoria reduzindo a forma de remuneração por gratificação, não incorporadas ao salário e ausentes na aposentadoria do profissional, e a implantação imediata do Plano de Cargos e Salários, prometido pelos vários governos que se sucederam e não cumprida, embora exigida pela Lei Orgânica da Saúde 8080”, comentaram.
— Queremos ainda condição adequada de trabalho com repouso, alimentação e higiene garantidas para um profissional que passa 24 horas em um plantão. Exigimos provimento de materiais e insumos adequados para a prestação de um serviço digno à nossa população. Desde a inauguração dos pronto socorros a estrutura permanece a mesma, embora a população atendida tenha se multiplicado, causando com isso sobrecarga as unidades, propiciando um atendimento indigno aos usuários (falta de privacidade, macas nos corredores , etc.) — finalizaram os médicos.
Até o final desta edição às 19h54, a assessoria de Comunicação da prefeitura não tinha se manifestado sobre os problemas listados pelos médicos e questionados pela Folha da Manhã.
Sindicato defende ganhos da classe
No último dia 30 de janeiro, um dia após a Câmara de Vereadores ter aprovado um pacote com “medidas econômicas” enviado pela prefeita Rosinha Matheus, médicos plantonistas do Hospital Ferreira Machado (HFM) e do Hospital de Guarus (HGG) entraram em estado de greve, em repúdio ao corte nos salários, efetuado pela Prefeitura de Campos. Segundo eles na época, não houve aviso prévio ou justificativa convincente. A explicação seria que os profissionais estariam recebendo além do teto estabelecido para o salário da prefeita. Em nota, a Prefeitura informou que o presidente da Fundação Municipal de Saúde, José Manuel Moreira, não foi informado da natureza das reivindicações dos médicos plantonistas.
A denúncia dos cortes salariais foi levada pelos plantonistas ao Sindicato dos Médicos de Campos (Simec). Ao analisar a situação, chegou-se à conclusão de que todos os profissionais que tiveram parte do pagamento cortado são detentores de duas matrículas e que, portanto, recebem dois salários distintos, que somados ultrapassaram o valor líquido pago mensalmente à prefeita. “Estão usando subterfúgio para dizer que os profissionais estão ganhando mais que a prefeita. Outra coisa que deve ser destacada é que mesmo somando os dois salários de cada um deles, só ganharam mais do que a prefeita porque fizeram substituições e plantões extras. Além disso, recebem uma gratificação desde o ano passado”, defendeu o presidente, José Roberto Crespo.
Fonte: Folha da Manhã