terça-feira, 20 de janeiro de 2015

PREFEITURA PREFERE LEVAR PACIENTES AO RIO DO QUE TRATAR EM CAMPOS

(Foto: Ralph Braz)
Mesmo com a estrutura oferecida por Hospital particular  em Campos para o tratamento de braquiterapia, a Prefeitura de Campos insiste em levar pacientes com câncer para a capital do estado, que fica a 274 quilômetros da cidade. Ao todo, 24 mulheres aguardam na fila para fazer o procedimento.

O médico radioterapeuta, Ronaldo Cavalieri, explica que a braquiterapia pode ser usada para o tratamento de câncer de próstata, mama e outros tipos, mas o Hospital Doutor Beda abre o serviço, primeiramente, para o tratamento do câncer ginecológico. Trata-se de uma fonte de radiação que fica em contato com o útero. Normalmente, a paciente faz cinco semanas de radioterapia externa e depois um complemento de braquiterapia, uma vez por semana, de três ou quatro aplicações.

O assunto foi tema de reportagens na imprensa na semana passada. A Prefeitura de Campos enviou uma nota de esclarecimento para as emissoras alegando ser mais viável o tratamento de braquiterapia na capital.

De acordo com a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde, "a prefeitura estuda a possibilidade de remanejar o teto financeiro do serviço de braquiterapia para Campos, de modo que o atendimento seja realizado no próprio município. A proposta ainda é avaliada pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e pelo Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Cosems). No momento, os hospitais de Campos não estão autorizados a realizar o procedimento pelo SUS, porém, os pacientes não estão desassistidos. Os hospitais devem encaminhá-los para o Setor de Oncologia de modo que a Secretaria de Saúde possa conduzi-los para o tratamento no hospital de referência para este caso, que é o Inca-RJ". 

Segundo a diretora administrativa do Grupo IMNE, Martha Henriques, a prefeitura insiste na peregrinação dos pacientes, e para isso, precisa pagar o transporte dos passageiros para o Rio de Janeiro. Quem sofre é o próprio paciente que precisa fazer uma viagem longa para terminar o tratamento do câncer.

“Os gastos giram em torno de R$ 2.500/mês para despesas com transporte de pacientes, considerando gastos com motorista, combustível, manutenção de veículo, paciente e acompanhante. Neste cálculo não estão incluídos custos com alimentação e hospedagem”, disse Martha.

Ainda segundo a diretora administrativa, há uma dívida de R$ 2,5 milhões da prefeitura com o Grupo IMNE.

“A dívida com a unidade também vem atrasando o repasse do Governo Federal do mês de novembro. A verba referente a este mês já foi depositada, mas a prefeitura de Campos não repassou para os prestadores. O recurso que é de pouco mais de R$ 1 milhão se aplica tanto para a terapia renal quanto para a parte do tratamento do câncer”, disse Martha.

Saiba os pontos negativos do transporte de passageiros para o Rio de Janeiro

- Gastos desnecessários com transporte de pacientes;

- Risco de vida no transporte de pacientes, considerando os constantes acidentes ocorridos na BR;

- Transtorno e desconforto para pacientes;

- Demora para o acesso, haja vista a fila de espera em todo o estado para o início do tratamento;

- Perda de qualidade do tratamento e consequente recuperação do doente, podendo em alguns casos levar o paciente a um aumento no risco de morte;

- Recursos financeiros de fonte federal para a população campista alocados no município do Rio de Janeiro;

- Inviabilidade de atendimento integral aos pacientes oncológicos no município de Campos dos Goytacazes por meio do Unacon – Unidade de Assistência de Alta Complexidade – sendo o usuário obrigado a se deslocar para fora do município.





Fonte: Terceira Via