terça-feira, 1 de dezembro de 2015

ASSOREAMENTO NO RIO PARAÍBA SERÁ DEBATIDO EM AUDIÊNCIA PÚBLICA EM SJB

(Fotos: Ralph Braz | Blog Pense Diferente)
A pesca é considera a atividade econômica mais antiga do município de São João da Barra, mas os pescadores não estão tendo muito que comemorar, uma vez que o processo de assoreamento da foz do Rio Paraíba do Sul — que já dura cerca de quatro anos —, mas que avançou drasticamente em 2015 tem influenciado diretamente no exercício da atividade. Os prejuízos causados ao setor será tema audiência pública nesta quinta-feira (03/12), às 17h, na Câmara de Vereadores da cidade.

Entrada e saída para os barcos de pequeno e grande porte, a Boca da Barra já não oferece condições de navegabilidade aos pescadores que saem para alto mar, os que os abrigam a deixar as embarcações em Macaé e na cidade de Itaipava no Espírito Santo, aumentando a viagem em até 85 milhas da costa sanjoanense.

“O deslocamento gera custo com óleo, com passagens em ônibus para o retorno dos pescadores para casa, e para os que insistem em entrar com as embarcações pela foz enfrentam problemas com a quilha e o custo é muito alto”, disse o Elialdo Meireles, presidente da Colônia de Pescadores de Atafona, a Z2. A quilha é uma peça forte, na origem em madeira, da embarcação que se estende da proa à popa, na parte inferior da nave, e se fixam as peças curvas onde se pregam as tábuas do costado. 


“Na semana passada um barco teve a quilha folgada ao encanhar no foz e o prejuízo foi avaliado em R$ 50 mil. Isso para o pescador é muito”, exemplificou Elialdo acrescentando que cadastrados na Colônia são 1.200 pescadores, mas que o número de pessoas que sobrevivem da pesca no município é muito maior. 

O assoreamento na foz do Rio Paraíba vem ocorrendo desde que o rio perdeu a força (peso de água) e o mar vem avançando continuamente gerando também o problema da salinização. Com isso, embarcações de grande porte — 16 a 19 metros — não conseguem navegar pelo local, a não ser as de até 9 metros. 

PREJUÍZOS E SOLUÇÃO SERÃO DEBATIDOS EM AUDIÊNCIA
As consequências do assoreamento, causados principalmente aos pescadores que não conseguem ter acesso ao mar e chegam a correr risco de vida, serão debatidas em audiência pública que foi requerida pela vereadora Sônia Pereira, que foi procurada pelos próprios pescadores que anseiam por uma solução. 

“A pesca é uma atividade que dá pouco lucro, e os pescadores querem voltar a trabalhar aqui em São João da Barra, mas como a Boca da Barra fechada, eles não podem navegar”, observou Soninha.

Elialdo explicou que a única solução para o problema é a dragagem e a construção de um quebra-mar. “Chegou-se a falar em uma dragagem emergencial, cujo custo estimado foi de R$ 10 milhões, mas isso vai resolver o problema agora e depois vai voltar tudo outra vez. Sugerimos e protocolamos um projeto no Inea para fazer a dragagem e a construção do quebra-mar que foi orçamentado em R$ 140 milhões, mas para isso tem que haver liberação da verba e estamos aguardando”, disse. 

O superintendente regional do Inea em Campos, Luiz Fernando Felippe Guida, disse que entende que o problema na foz está prejudicando muita gente, porém cada um quer puxar para o seu lado, mas quando vai ver, um projeto não poder ser implementado, quer seja por autorização ou até mesmo pela falta que recurso que é um problema que atinge não só a região mas o país num todo. “Acontece que tem muita gente dizendo o que acha que tem de ser feito, não quero dizer que esse é o caso dos pescadores, tanto que estamos recebendo vários documentos nesse sentido, e estamos analisando. O Inea é um órgão técnico e tem que se basear em dados técnicos” disse o superintente acrescentando que se for o caso, uma decisão deve até passar pelo Comitê Hidrográfico do Baixo Paraíba, do qual o Inea é membro. 


Para participar da audiência, o Legislativo convidou órgãos como: Colônia de Pescadores de Atafona, Prumo Logística, Secretaria Municipal de Pesca, Comitê Hidrográfico do Baixo Paraíba, Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Ministério Público, Capitania dos Portos e o deputado estadual João Peixoto.

“Os pescadores têm passado dificuldades para exercerem o seu trabalho por causa do assoreamento, que vem prejudicando a navegação. Diante disso, a Câmara não poderia deixar de participar desse debate tão importante para o município”, disse o presidente da Câmara, Aluizio Siqueira.






Fonte: Ascom