(Foto: Ralph Braz) |
Mais que um “cheque especial”, o Governo Rosinha tem um “cheque em branco” nas mãos. Depois de ser “decepcionado” no dia anterior, finalmente o secretário Anthony Garotinho, conseguiu, ontem, ao seu velho modo de fazer política, orquestrar um golpe ao futuro de Campos dentro da Câmara. Para isso ele contou com o apoio de 13 vereadores, na verdade 15, apesar de só 13 terem votado a favor do projeto que libera a antecipação de receitas para a Prefeitura de Campos, comprometendo recursos dos royalties e participação especial provenientes da produção de petróleo até dos próximos anos.
Descartáveis
Mas não pense que foi fácil. Pela primeira vez parte da chamada bancada “independente”, que no dia anterior já tinha se rebelado, fez valer sua opinião e manteve o voto contrário. Afinal, atualmente Gil Vianna (PR), Magal (PR), Genásio (PSC), Albertinho (Pros), Dayvison Miranda (PRB) e Alexandre Tadeu (PRB), antes governistas declarados, estão mais próximos dos castigos dados aos opositores do que das benesses concedidas aos vereadores rosáceos. Mesmo apelando nos bastidores e na cara de todos na Casa de Leis, Garotinho e aliados mostraram que estes “independentes” são descartáveis.
Vale tudo
Os exemplos de que “vale tudo” para sair vencedor foram dados desde a licença de um vereador já com licença médica aprovada na Câmara até a volta do secretário Fábio Ribeiro (PR) ao Legislativo, até então vereador licenciado, mas que foi exonerado da secretaria de Gestão de Pessoas e Contratos, na tarde dessa quarta-feira, em Diário Oficial extra, que só foi visto online. Kellinho que estava na vaga de Fábio foi para o lugar de Paulo Hirano (PR). Mas Fábio, funcionário licenciado da Fenorte e cedido à Prefeitura podia fazer isso?
Respeito?
Disposto a defender o governo com unhas e dentes, o vereador Fábio Ribeiro usou a tribuna para atacar o PT. “Tem gente que fala em responsabilidade fiscal e defende o governo do PT, que não tem responsabilidade alguma”, disse. Neste momento, ele foi aplaudido, de forma irônica, pelo vereador Marcão. Foi o bastante para gerar um bate boca. “Não tenho medo, sou tão vereador quanto vossa excelência. Não vai me intimidar. Quero respeito”, disse Fábio, visivelmente irritado. Por sua vez, Marcão rebatia: “Respeito? Quer respeito? Então se dê ao respeito”.
Quem são...
Sendo assim além de Fábio Ribeiro (PR) e Kellinho (PR), também foram apontados como “pau-mandado”: Abdu Neme (PR), Mauro Silva (PT do B), Miguelito (PP), Dona Penha (DEM), Álvaro César (PMN), Neném (PTB), Ozéias (PTC), Thiago Virgílio (PTC), Altamir Bárbara (PSB), Cecília Ribeiro Gomes (PT do B) e Auxiliadora Freitas (PHS). Mas não dá para deixar de ressaltar a importante contribuição de Edson Batista (PTB), que por ser presidente do Legislativo não pode votar, e Paulo Hirano (PR), que antes era poupado pelo seu grupo por estar com problemas de saúde, mas que por um interesse maior foi substituído.
“Ditador”
Edson Batista, que na sessão de terça foi pressionado pelo seu líder maior, ontem teve que engolir a seco as críticas e títulos de “ditador” e até de “Fidel Castro”. Independentes e opositores se mostram dispostos a fazer valer na Justiça o regimento interno daquela Casa, já que o presidente faz rezar outra cartilha.
E José Carlos?
Mesmo acompanhados dos “independentes”, os vereadores de oposição Rafael Diniz (PPS), Marcão (PT), Fred Machado (SD) e Nildo Cardoso (PMDB) não puderam fazer muito, mas mostraram suas indignações. Afinal, “quem tem maioria vota”, sentenciou o líder do governo Mauro Silva (PT do B). Eles não puderam contar nem com o apoio de José Carlos (PSDC), que é conhecido por ficar em cima do muro, e sequer apareceu por lá.
“Rivotril”
Para Rafael — que chegou a repreender um aliado do governo que da plateia gritou “chupa oposição” e foi retirado —, a manobra mostra a cara do governo. “Fazem de tudo para conseguir alcançar os objetivos. Esse líder está completamente desesperado. Haja rivotril. Um grupo que está aqui aplaudindo, vai ver o que foi reservado para o futuro. Desperdiçaram milhões e agora vão vender o futuro dos nossos filhos e netos”, disse Rafael. Da sessão de ontem ficou a certeza que os garotistas defendem o presente para que no futuro eles possam seguir mandando. Se não for assim, que os outros paguem a conta.
Fonte: Folha da Manhã