quarta-feira, 18 de março de 2015

PEDÁGIO MAIS BARATO NA PONTE RIO-NITERÓI EM JUNHO


A EcoRodovias ganhou o leilão de concessão da Ponte Rio-Niterói realizado na manhã desta quarta-feira em São Paulo. A empresa propôs uma tarifa de pedágio de R$ 3,2844, um deságio de 36,67% ao relação ao teto de R$ 5,1862 estabelecido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres. Mas, com a atualização feita pelo IPCA, o valor do pedágio será de R$ 3,70 a partir de 1º de junho, valor 28,85% menor.

A atual adminstradora da Ponte, a CCR, ofereceu proposta de de pedágio de R$ 4,24, um deságio 18,2%, o pior lance entre os concorrentes, o que surpreendeu. A CCR era considerada favorita já que conhecia os números do fluxo de veículos da ponte. Seis grupos disputaram o leilão, que começou às 10h.

O ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, comemorou o resultado.

— O leilão foi um sucesso e a partir de 1º de junho teremos um pedágio de R$ 3,70.

O pedágio atual é de R$ 5,20. O lance de R$ 3,2844 da Ecorodovias foi calculado com valores de janeiro de 2014. A estimativa de receita nos 30 anos de concessão é de R$ 5,14 bilhões.

— A Ecodorovias se orgulha de estar adquirindo um ativo importante para o Rio de Janeiro e os usuários vão reconhecer. Nossa proposta foi justa — disse Marcelino Rafart de Seras, presidente da Ecorodovias.

Segundo o presidente da EcoRodovias, a empresa usará capital próprio e fluxo de caixa em um primeiro momento e só depois, no terceiro ano de concessão, irá buscar dinheiro no mercado. Ele acredita que, nas condições atuais do mercado, conseguiria capital mais barato emitindo debêntures de infraestrutura do que indo ao BNDES, por exemplo.

Ele disse que a CCR tem investimentos para terminar, como no metrô de Salvador, o aeroporto de Belo Horizonte, e a BR-163. Por isso, talvez tenha dado um lance tão pouco competitivo.

A EcoRodovias foi criada em 1997 pela Primav Construções e Comércio, do Grupo CR Almeida, empresa do setor de construção pesada. A partir de 1998, a empresa fez parceria com a europeia Impregilo International, do Grupo Impregilo, construtora de capital aberto da Itália, que depois adquiriu participação acionária na brasileira.

Foi o primeiro leilão do setor de infraestrutura do ano. É também a primeira rodovia federal a ser concedida novamente. A nova concessão terá validade de 30 anos e exigirá investimentos de R$ 1,3 bilhão ao longo desse período.

O secretário dos Transportes do Rio de Janeiro, Carlos Osório, disse que já há um pleito junto ao Ministério dos Transportes para a concessão de mais três rodovias no Rio de Janeiro, entre elas o techo Sul da BR-101, o Arco Metropolitano e a antiga estrada Rio São Paulo.

– Há viabilidade para isso e com o sucesso do leilao da Ponte Rio-Niterói estamos animados – disse o secretário.

O contrato de concessão da Ponte Rio-Niterói vence em maio, após 20 anos. Foi a primeira grande estrutura rodoviária concedida à iniciativa privada, em 1º de junho de 1995. Como trata-se de um projeto já consolidado, os riscos são mais reduzidos, segundo especialistas.

LIGAÇÃO COM LINHA VERMELHA É OBRA OBRIGATÓRIA

O lance que mais se aproximou do valor ofertado pela EcoRodovias foi o do Consórcio Guanabara, formado pela A. Madeira Indústria e Comécio, uma empreiteira de obras rodoviárias que presta serviços ao DER; Coimex Empreendimentos e Participações, sócia da Ecorodovias no trecho da BR-101, na Bahia; Urbesa Administração e Participações e Rio do Frade Empreendimentos, do ramo de construção, com sede na cidade de Serra, no Espírito Santo. O grupo ofereceu um lance de R$ 3,3590, um deságio de 35,23%.

A Triunfo Participações deu lance de R$ 3,8699, deságio de 25,37%; a CS Brasil ofereceu o valor de R$ 4,7895, deságio de 21,34% e Bertin Infraestrutura fez um lance de R$ 4,1417, deságio de 20,13%.


A vencedora EcoRodovias Infraestrutura e Logística já atua na concessão de rodovias desde 1997, administrando entre outras o sistema Anchieta-Imigrantes, através da Ecovias, que liga São Paulo ao litoral e o corredor Ayrton Senna/Carvalho Pinto, que liga a região metropolitana de São Paulo ao Vale do Paraíba.

Por dia, 151 mil veículos passam pela ponte e, no ano, são 56 milhões. O vencedor ficará responsável por operar, fazer a manutenção, monitorar e conservar a estrutura atual e implantar melhorias no trecho de acesso à ponte até o entroncamento com a Linha Vermelha.

A nova concessão engloba também a Avenida Portuária (com extensão de 3,1 km), permitindo o acesso de veículos pesados vindos da Avenida Brasil à área portuária.

Entre as obras obrigatórias, está a ligação da ponte com a Linha Vermelha por meio de uma via elevada. Isso evitará que os motoristas que se dirigem à Baixada Fluminense e à Rodovia Presidente Dutra utilizem a Avenida Brasil.

A concessão prevê ainda a construção de uma passagem inferior do tipo "mergulhão" na Avenida Feliciano Sodré (direção leste-oeste) passando sob a Praça Renascença, em Niterói, o que vai proporcionar maior fluidez ao tráfego.









Fonte: O Globo