(Fotot: Luiz Morier / Agência O Globo)
O possível privilégio no atendimento à mãe do prefeito Marcelo Crivella no Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, pode ser motivo de investigação também pelo Ministério Público estadual (MPRJ). A Defensoria Pública do Estado e o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) já anunciaram que irão instaurar sindicâncias para descobrir se houve preterição de outros pacientes.
A internação de Eris Bezerra Crivella causou revolta na unidade hospitalar. Isso porque, de acordo com acompanhantes de pacientes, a mãe do prefeito teve tratamento diferenciado. A direção do Hospital municipal Salgado Filho esclareceu que Eris Bezerra Crivella deu entrada na sexta-feira à noite com uma fratura radio distal esquerda desviada (no punho). Ela foi operada no sábado e já teve alta.
Nesta segunda-feira, o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Cidadania do MPRJ distribuirá a notícia para análise, o que poderá motivar a instauração de procedimento investigatório para apurar eventual tratamento discriminatório preferencial conferido a família do prefeito.
Também nesta segunda, o Cremerj irá instaurar a sindicância para saber se houve, de fato, tratamento privilegiado. Segundo o diretor do órgão, Gil Simões, é possível que conselheiros realizem uma visita ao hospital.
— Queremos saber o que aconteceu, se houve uma atuação diferente para ela em relação aos demais pacientes, se atrapalhou o atendimento aos demais. E, ainda, quem são as pessoas envolvidas.
A Coordenadoria de Tutela Coletiva da Defensoria Pública estadual também vai atuar no caso. A defensora Thaysa Guerreiro de Souza vai apurar se houve desprezo dos pacientes da unidade em função do atendimento à Eris. Para a defensora, caso a irregularidade seja confirmada, pode configurar ato de improbidade administrativa por violar os princípios da impessoalidade e moralidade da administração pública.
— Só o fato de ela ser operada lá não significa irregularidade, afinal o Sistema Único de Saúde (SUS) é para todos. No entanto, o que nos importa é se a internação dela trouxe prejuízo para a população. Queremos saber se a cirurgia dela respeitou os fluxos de atendimento do SUS e os protocolos clínicos de ação do município e da unidade, sem preterição das outras pessoas. Temos que lembrar que há fila do sistema de regulação, além das filas internas da unidade. Vamos verificar, portanto, se houve danos materiais a essas pessoas, prejuízos à saúde e danos morais coletivo, na medida que há uma sensação para sociedade carioca como um todo de descuido e desprezo — explicou.