domingo, 26 de julho de 2015

OTAVIANO COSTA E MÔNICA IOZZI AUMENTAM AUDIÊNCIA EM 600% DO VÍDEO SHOW


Monica Iozzi e Otaviano Costa estão amarrados um ao outro. A corda de sisal usada na foto de capa materializa um laço que, a despeito dos exageros, é construído por preciosidades invisíveis, como requer as amizades. Há entre eles um afeto afeito ao humor, matéria-prima da química vista no “Vídeo show” desde abril. “Isso está me excitando”, brinca ele, enquanto é enroscado. A ela, cabe a piada pronta: “Podemos enforcá-lo?”. A sintonia tem cor, é visível no ar — a dupla fez com que a interação dos telespectadores com o programa aumentasse 600%, segundo dados da emissora —, mas será rompida daqui a poucos meses.

Eu preciso voltar a trabalhar como atriz, eu preciso
Monica Iozzi

— Sim, deixo o “Vídeo show” em dezembro. Eu preciso voltar a trabalhar como atriz, eu preciso. Por quase 40 dias, gravei “Alto astral” (novela de Daniel Ortiz) e o “Vídeo show” ao mesmo tempo. Quase pirei, vi que não era possível — afirma Monica, já escalada para recriar Tancinha, papel famoso de Claudia Raia, numa trama inspirada em “Sassaricando” (1987).

O tom sereno da resposta é prontamente quebrado por seu colega de bancada. Já desamarrados, eles agora conversam um diante do outro.

— Em novembro, alguém da família dela será sequestrada. E aí conversaremos sobre isso — avisa Otaviano, arrancando uma das muitas risadas sonoras de seu par diário na TV.

A entrada de Monica no “CQC”, há seis anos, foi, num só tempo, alegria profunda e crise anunciada. Era ela a caipira de Ribeirão Preto que, como um Dom Quixote contemporâneo, lutava contra os moinhos de vento — e os inúmeros embates da então repórter e os políticos de Brasília renderam alguns dos melhores momentos da atração da Band. Mas era ela também quem, com um microfone em punho e verbos engatilhados no tempo da comédia, postergava os desejos da atriz. Agora, não quer repetir os caminhos tortos. Diante da certeza, resta brincar com as possibilidades que a fariam mudar de ideia.

— Mais grana, senhoras e senhores. Grana move essa garota — arrisca Otaviano, bonachão.

— Uma noite de amor com Cauã Reymond me faria ficar — rebate ela, para, em seguida, reafirmar a vocação: — Não é grana. Ganho bem. Ota (como ela chama o apresentador) vai entender o que estou falando. Durante muitos anos, trabalhei em coisas para alcançar outras. Trabalhei na Livraria Cultura e ganhava R$ 1.800. Depois de ter feito tanta coisa diferente, meu salário é muito bacana. Preciso parar e pensar: tenho 33 anos, o que eu quero fazer? O que vai me deixar de fato feliz? Não que eu não esteja, o “Vídeo show” é muito legal. Mas dediquei a minha vida para ser atriz e me vi deixando isso para trás.

Instigada a rebobinar o filme da sua vida — uma alusão ao quadro “Túnel do tempo”, famoso no programa —, Monica reencontra a garota do passado, fascinada com as aulas de teatro da escola. Quis ser bailarina quando pequena, mas logo percebeu que a vida na ponta dos pés não era vocacionada. Imersa nas artes cênicas, gostava de ver as aulas dos mais velhos para ver se aprendia mais rápido. Há alguns anos, havia se contorcido no próprio nó: queria ser Fernanda Montenegro, mas bancava o Tiririca. Hoje, talvez numa brilhante faísca da maturidade, conclui, desatando a questão: “Agora, sou Monica Iozzi”.

— Fazer humor não é fácil para mim. Nunca foi uma escolha. Não pensei em ser humorista, mas foi acontecendo. Durante muito tempo, briguei comigo mesma. A brincadeira era essa: querer ser alguém extremamente respeitado, com trabalhos profundos, e me sentir o Tiririca. Errei ao querer ouvir muita gente e pretender agradar a todos

Agora, estou num momento de entender que eu posso ser uma coisa e posso ser outra. Não tem problema — analisa ela, que respirou mais forte antes da resposta, como se quebrasse um pouco a imagem cultivada pelo público.

Curiosamente, a conversa ganha um tom mais confessional, sério até. Otaviano compreende os anseios da amiga, mas logo fica claro que, no campo dos desejos, a estrada deles é bifurcada. Diferentemente de Monica, não quer mais se dedicar às novelas. O registro de galã grisalho ficou em “Salve Jorge” (2012), o último trabalho dele no gênero.

Nove meses numa novela não é mais a minha
Otaviano Costa

— Como ator, estava dizendo muito “sim” que não era para mim. Quando resolvi ser comunicador de novo, ficou mais fácil. Ao entender isso, posso dizer um milhão de “nãos” e ficar com a consciência tranquila — destaca o apresentador de 42 anos, que, firmado na função, recorda: — Tive que recusar ótimas propostas de outras emissoras, porque teria que mudar a minha vida radicalmente. Pensei na minha família. Teria que ir para São Paulo e Flávia (Alessandra, mulher dele) teria que ficar aqui. Seria difícil tocar a vida com a distância. Foi quando deixei claro: nove meses numa novela não é mais a minha.



Fonte: Extra