A derrocada do antigo grupo EBX, do empresário Eike Batista, manchou a face privada dos projetos de infraestrutura brasileiros e levou ao prejuízo milhares de investidores. Cedidos a credores e vendidos a novos gestores, no entanto, vários desses empreendimentos foram reformulados e conseguiram, finalmente, sair do papel.
Dois dos projetos mais emblemáticos do grupo, o porto do Açu e o porto do Sudeste foram adiante, porém não com a escala inicialmente imaginada por Eike Batista.
Propagandeado como a Roterdã dos Trópicos, o porto do Açu, em São João da Barra (norte do Rio), nasceu sob o conceito de porto industrial, na qual compunham o empreendimento dois grandes terminais de atracação de navios acoplados a um distrito industrial com usinas térmicas e áreas de transbordo de minério e de petróleo.
Com área prevista de 90 quilômetros quadrados, o porto do Açu tinha obras tocadas pela LLX, a empresa de logística do grupo EBX.
O controle saiu da mão de Eike no final de 2013 e passou para o fundo americano EIG.
Criou-se então a empresa Prumo Logística, que retomou as obras praticamente paradas na ocasião. A Prumo foi a única das empresas originárias do grupo que não pediu recuperação judicial.
Em outubro de 2014, chegou o primeiro carregamento de minério de ferro da empresa Anglo American, cujo contrato remontava a parceria cavada por Eike Batista. No dia 7, a empresa inaugurou um terminal de comercialização de combustível marítimo em parceria com a BP. Um terminal de transbordo de petróleo, que também entrou em operação, tem como primeiro cliente a BG/Shell. O contrato, que deve movimentar 200 mil barris por dia, nasceu com a nova administração do porto.
Outro terminal multicargas também iniciará sua operação movimentando bauxita para a Votorantim. Mais adiante esse terminal poderá, segundo a Prumo, movimentar contêineres.
Nova vocação
O porto do Açu renasce agora sob uma nova ótica. Eike, que chegou a prometer inclusive uma fábrica de carros elétricos no local, pensou em uma área industrial com térmicas a carvão, que seriam operadas pela então MPX (empresa de energia do grupo, que passou às mãos da alemã E.ON e hoje se chama Eneva) e empresas de chips eletrônicos, volta sua atenção ao petróleo. “Fizemos uma mudança na gestão e também no projeto inicial, porque tínhamos a convicção de que, pela localização, o porto tinha vocação principalmente para petróleo e gás”, disse o presidente da Prumo, José Magela Bernardes:
— Demos sorte de, no momento em que o petróleo caía no mercado internacional, estarmos ainda construindo o porto. Agora, acreditamos que o ciclo de baixa está se revertendo.
Publicado na Folha de S.Paulo no dia 30 de junho. Confira a matéria completa aqui.