(Foto: Ralph Braz | Pense Diferente) |
O autor do crime que vitimou a adolescente Rosilane Daniel Fernandes, de 14 anos, com um tiro na cabeça na manhã do último sábado (18) foi identificado após investigações e conduzido à 134ª Delegacia de Legal do Centro de Campos, na tarde desta terça-feira (21). O adolescente de 17 anos foi encontrado na escola e segundo o delegado adjunto da unidade, Pedro Emílio Braga, teria confessado a autoria do crime alegando disparo acidental. Com a versão do suspeito a Polícia começa a descartar a hipótese de ligação do homicídio com o tráfico. O suspeito foi ouvido e liberado e a Polícia Civil irá analisar um possível pedido de apreensão cautelar.
Segundo Pedro Emílio, as investigações foram iniciadas no mesmo dia do crime, através de levantamento de dados que levaram à identificação das pessoas que estavam com a vítima antes do crime. “Desde o sábado já tínhamos indicativos de que a garota estaria na companhia de outros três rapazes, fazendo uso de entorpecentes e que algo teria ocorrido. Teria acontecido um disparo de arma de fogo que teria acertado a vítima no crânio e ela não resistiu. Chegou a ser socorrida, chegou ainda com vida ao hospital, mas não resistiu.”
No domingo (19) e na segunda-feira (20) as investigações deram conta de que um dos jovens que acompanhavam a vítima teria deixado o local antes do crime. A Polícia chegou ainda à qualificação completa dos envolvidos e as oitivas foram iniciadas. O suspeito foi localizado nesta terça e conduzido à DP junto com a testemunha que permaneceu no local e viu o momento do disparo.
— Existia a informação de que ele estaria foragido, no começo, mas conseguimos localizá-lo hoje, bem como uma testemunha presencial. Ele foi levado à delegacia e em conversa acabou confessando o crime, dando detalhes e forneceu a informação de que o tiro teria sido acidental. Ele estaria na posse de uma arma de fogo que ele havia adquirido como forma de se defender, já que na localidade estariam acontecendo tentativas de homicídio ligadas a disputas de facções por tráfico de drogas — contou o delegado.
Ainda segundo Pedro Emílio, o adolescente contou que já estava no local quando a vítima chegou para fazer uso de entorpecentes. O local, de acordo com o delegado saria uma área usada por usuários de drogas de Ponta da Lama. “Ele disse que manipulava a arma de forma displicente quando essa arma veio a disparar.”
Como a testemunha também confirmou a versão do suspeito, as investigações deixam de apontar uma possível ligação do homicídio com o tráfico em Ponta da Lama.
— A investigação caminha nesse sentido, perdendo força a investigação de que o homicídio estaria ligado à atividade de tráfico no local e que teria sido ordenado de dirigentes dessas organizações criminosas. Isso aí vem perdendo bastante força e tudo indica que tenha sido nesse sentido (versão do suspeito). O garoto foi muito veemente nas alegações, a testemunha também trouxe verossimilhança a essa versão, então a gente caminha nesse sentido. Realizamos buscas durante toda a tarde pela arma utilizada no crime, mas ainda não encontramos— revelou Pedro Emílio.
O delegado disse ainda que o suspeito, que já tem passagem por ameaça, onde teria utilizado uma réplica de arma de fogo, alegou que teria adquirido a arma para se defender após ameaças. Ele teria levado os policiais no local onde teria escondido a arma, mas nada foi encontrado. Pedro Emílio destacou ainda que mesmo alegando disparo acidental, o adolescente não deverá ser indiciado por fato análogo a homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. “Vale a pena frisar que ainda que essa arma tenha sido manipulada de uma forma displicente, não há o que se falar em crime culposo, por que essa arma não disparou sozinha. Ele manipulava a arma sob efeito de entorpecente, com o dedo no gatilho e essa arma veio a disparar. Então, o mínimo que a gente pode falar é num dolo eventual por parte dele, que assumiu o risco da ocorrência do resultado”, finalizou.
Fonte: Folha da Manhã