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Na semana que o caos na Saúde de Campos ganhou novos capítulos, a equipe de reportagem da Folha da Manhã voltou a visitar o Hospital Ferreira Machado (HFM), Hospital Geral de Guarus (HGG) e o Hospital São José (HSJ), três das principais unidade de saúde do município, e constatou que os velhos problemas relatados por pacientes e reafirmadas por inspeções do Ministério Público Federal (MPF) em 2015 continuam recorrentes. Mesmo com as recentes auditorias do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), os usuários continuam reclamando de situações como superlotação, falta de medicamentos básicos e da falta de funcionamento de aparelhos de raios X são comuns.
Durante a última semana, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) determinou um prazo de até 60 dias para que a Prefeitura resolva os problemas encontrados pelo MPF. Descrente com o poder público, a doceira Analice Gomes, 43, disse que não acredita que a Prefeitura não vai conseguir solucionar as irregularidades.
— Quando tinham dinheiro não fizeram, agora mesmo que não farão nada. Eu tenho medo de adoecer e depender deste serviço que o município oferece. Falta tudo — desabafou.
Para o médico e membro do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Makhoul Moussallen, o que falta para a Saúde Pública é competência de gestão. O médico também disse não acreditar que a Prefeitura cumpra prazo determinado pelo TRF.
— A Saúde está em estado lastimável. Faltam ambulâncias, medicamentos, infraestrutura e profissionais. Não se tem nada. E tudo isso é resultado da forte incompetência de administração pública há anos. Por estes motivos, acredito que a Prefeitura não irá cumprir o prazo determinado pelo TRF para solucionar os problemas da Saúde. Quem está no poder não conhece do assunto, não aceita sugestões e não tem competência para cumprir — disse Makhoul.
Um dia após a decisão do TRF, que determinou ainda a implantação de um sistema de controle de assistência farmacêutica, também no prazo de 60 dias, o município informou que apresentaria recurso cabível à instância superior. Questionado pela Folha se o recurso à já havia sido apresentado, não houve resposta.
Maiores hospitais são alvo de reclamações
Os mais importantes hospitais do município, HFM e HGG, permanecem na mira dos usuários do SUS, que reafirmam a insatisfaçãos com os serviços oferecidos.
De acordo com um paciente, que preferiu não se identificar, e que buscou atendimento no HGG na última quinta-feira, nenhum aparelho de raios-X da unidade estava em funcionamento. O paciente classificou o hospital como “um grande conjunto de deficiências”.
— No HGG existem problemas de todos os tipos. Estruturais, de manutenção e de gestão. Faltam macas, falta espaço, falta funcionalidade. Sobra superlotação e sacrifício para alguém como eu que depende do hospital — desabafou.
No HFM, a situação não é diferente. Quem procurou atendimento no mesmo dia relatou que a espera na emergência chegou a três horas.
— As pessoas que estavamchegando ao hospital com algum trauma estão entrando, fazendo raio-X e voltando para a recepção para aguardar o médico — disse uma paciente que não quis se identificar.
A reportagem tentou contato a Fundação Municipal de Saúde (FMS) e do HFM, com o intuito de esclarecer os apontamentos feitos pelos pacientes. No entanto, até o fechamento desta edição, nenhum retorno foi obtido.
Hospital São José encoberto pela vegetação
As obras de reforma e ampliação do Hospital São José (HSJ), em Donana, inicialmente orçadas em R$6.457.995,89, aparentemente estão longe de serem concluídas. A intervenção prometia ser a solução para os problemas de atendimento médico para os moradores da Baixada Campista.
Tomada pelo mato alto e fechada por tapumes, a estrutura da nova sede, que segundo à Prefeitura, está com 70% das obras concluídas, foi apontada pelos usuários do serviço público de Saúde como um “elefante branco abandonado”.
Enquanto o novo hospital não é entregue, pacientes questionam a falta de infraestrutura do prédio que abriga a atual sede do HSJ e dos serviços oferecidos na unidade.
— As paredes tem mofo, as vezes não tem roupa de cama e faltam medicamentos — disse a comerciante Ana Beatriz Telles, 34. A comerciante revelou ter esperança de que as ações do MPF, TRF e Denasus tenha efeitos positivos. “Acredito que agora as coisas melhorem, pelo menos é o que esperamos. Pois está tudo muito ruim”, finalizou.
Desde a última quarta-feira (11) a reportagem da Folha tentou obter um posicionamento da Prefeitura em relação as obras do HSJ, no entanto, até o fechamento desta edição, nenhum retorno foi obtido.
Fonte: Folha da Manhã