segunda-feira, 16 de setembro de 2013

"GENESIS" DE SEBASTIÃO SALGADO: LIVRO, EXPOSIÇÕES E FILME

Vista da confluência do Colorado e do Little Colorado, a partir do território dos navajos. O Parque Nacional do Grand Canyon começa a partir daqui. Arizona. EUA. Abril, 2010.
Sebastião Salgado passou a infância em meio à natureza, numa fazenda em Aimorés (MG). E veio dessa experiência a inspiração de seu trabalho mais recente: “Genesis”.


A ideia surgiu depois que o fotógrafo e sua mulher, Lélia, deram início ao processo de reflorestamento na fazenda que ele, no início dos anos 90, recebeu dos pais – o local hoje abriga o Instituto Terra. O prazer proporcionado por essa experiência foi tal que Salgado se viu motivado a conhecer e registrar regiões onde a natureza permanece intocada.


Para selecionar os locais que visitaria, Salgado apresentou sua proposta a cientistas da Unesco. A lista final continha 32 países, pelos quais o fotógrafo viajou a pé, de avião, de canoa e até de balão. Enfrentou calor e frio extremos, como no período em que passou com os Nenets, uma tribo indígena que vive no norte da Sibéria e com a qual viajou por quarenta dias. “Com eles, descobri o sentido do essencial”, conta Salgado, que tem 69 anos. “Como eles vivem no clima mais extremo durante o inverno, com -30ºC, -40ºC, eles só podem carregar o mínimo de que precisam para sobreviver.”



A deslumbrante viagem empreendida por Sebastião Salgado por paragens que lembram o Dia da Criação. Ao longo de oito anos, o mais premiado e famoso fotógrafo brasileiro colheu milhares de imagens que eternizam maravilhas da natureza, bichos raros e gente que habita grotões isolados da civilização moderna. Depois de sucessivas triagens, 245 fotos foram reunidas no livro GENESIS, uma síntese do mais recente trabalho desse brasileiro mundialmente admirado.


Nos trabalhos anteriores, Salgado concentrou-se no registro de seres humanos sobrevivendo ou agonizando em cenários devastados por guerras, pela fome e pelo desespero. “Fiquei tão abalado com o que vi que pensei em parar de fotografar”, diz esse mineiro de Aimorés na entrevista concedida ao programa Roda Viva que irá ao ar pela TV Cultura nesta segunda-feira, 16 de setembro. A desilusão foi substituída pela esperança quando começaram as incursões por paragens belíssimas e praticamente intocadas.


Uma baleia-franca-austral (Eubalaena australis ). Península Valdés, Argentina. 2004.
Expostas em Londres e no Rio de Janeiro, as fotografias incluídas em Genesis, à venda nas livrarias, chegaram neste mês a São Paulo. A exposição no Sesc Belenzinho se estenderá até 1° de dezembro. Confira abaixo sete amostras do que Sebastião Salgado qualifica de “uma viagem ao paraíso”.

Iguana-marinha (Amblyrhynchus cristatus ). Galápagos. Equador. 2004.



Além do livro, também está previsto o lançamento de um filme sobre o trabalho de Salgado, dirigido por Wim Wenders.



Tipicamente, as mulheres da povoação zo’é Towari Ypy usam o urucum (Bixa orellana), o fruto vermelho do urucueiro, para colorir seus corpos. Também o usam para cozinhar. Pará, Brasil. 2009
BIOGRAFIA


O livro ‘Da minha terra à Terra’ é uma autobiografia em que ele, junto a Isabelle França, conta sua história pessoal, raízes políticas, éticas e existenciais de seu engajamento fotográfico.

A autobiografia de Salgado já foi lançada na França, onde o fotojornalista mora desde 1973. No Brasil, o livro está a venda. Em outubro deste ano, será lançado do documentário sobre Sebastião Salgado, dirigido por Wim Wenders (diretor de Pina e Buena Vista Social Club).

No livro ‘Da minha terra à Terra’, o talento de Salgado surpreende, assim como nas imagens em preto e branco de trabalhadores e refugiados, que já ganharam inúmeros prêmios e são reconhecidas pela profunda dignidade que despertam no interlocutor.

Entre as principais obras de Salgado estão ‘Outras Américas’, onde registrou as condições de vida de pessoas pobres da América Latina; ‘Trabalhadores’, em que fotografou a rotina de produção de trabalhadores manuais; e ‘Terra’, retratos das condições de vida dos trabalhadores rurais sem-terra do Brasil.

Depois de oito anos de reportagens, Salgado expôs pela primeira vez o celebrado projeto ‘Gênesis’, que deu origem ao livro de mesmo nome. Em uma jornada fotográfica por lugares intocados, onde o homem convive em harmonia com a natureza, o fotógrafo pôde declarar seu amor à Terra, em sua grandeza e fragilidade. ‘Gênesis’ teve tiragem inicial de 12 mil exemplares e já foi reimpresso. O título chegou às livrarias no primeiro semestre de 2013 e ficou por meses na lista dos mais vendidos.



Fonte: Veja/ Valor Econômico/ ISTO É