(Foto: Isaías Fernandes) |
A “Operação Machadada”, que já se encontra na Justiça a mais de três anos, pode demorar mais um pouco para ser concluída. Isso porque o juiz da 37ª Zona Eleitoral de São João da Barra (SJB), Leonardo Cajueiro d'Azevedo ainda não foi comunicado da arguição de suspeição – processo para afastá-lo do cargo – impetrada, no último mês, pelo advogado de uma das partes investigadas.
Cabe, agora, ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) decidir se a suspeição terá efeito suspensivo, ou não, podendo significar na paralisação do curso do processo. A “Machadada” (AIJE 40483) foi motivada por denúncia do Partido da República (PR) e apura suposta formação de quadrilha e compra de votos nas eleições municipais de 2012, em São João da Barra.
O prazo para que o Ministério Público encaminhasse o processo referente à Operação ao cartório da 37ª ZE havia terminado no último dia 23 de junho. Mas, com a arguição de suspeição – de Protocolo 76.639/2016, impetrada pela defesa do investigado Alex Firme – as alegações finais, que já se encontravam lacradas e trancadas em cartório, foram colocadas em novo envelope.
Advogados de defesa da ex-prefeita,Carla Machado que durante audiência realizada em 2013, alegaram que as gravações eram clandestinas. O juiz Eron Simas decidiu, no entanto, incluir as gravações no processo. Carla Machado tem afirmado categoricamente que não teve envolvimento em “compra de votos” e que “a verdade virá à tona”.
RELEMBRE O CASO:
Houve em 2014 uma audiência na área Criminal em que não foi sequer recebida pela totalidade dos Juízes Desembargadores do TRE a denúncia crime, o que determinou a devolução da fiança por parte da PF que havia sido paga pela ex-prefeita Carla Machado e pelo atual Vice-Prefeito Alexandre Rosa, demonstrando não ter havido crime eleitoral.
Após isso, Arlindo e Jakson confessaram a verdade e encaminharam seus depoimentos para o Ministério Público e Polícia Federal, comprovando que tudo não passou de uma trama orquestrada pelo grupo político do PR que teve como mentores o ex-Prefeito Betinho Dauaire (candidato a prefeito pelo PR na eleição 2012) e pelo ex vereador Zezinho Camarao (PR) que era candidato à reeleição.
Confessaram também que foram ao Edifício Sunset em Campos na noite véspera da eleição para pegar dinheiro, conforme foi flagrado pelas câmaras internas do referido prédio, onde estiveram presentes o Presidente do PR São João da Barra, o atual Deputado Estadual Bruno Dauaire (PR), o candidato a Prefeito Betinho Dauaire (PR), o Presidente da Câmara Gerson Crispim (PR), então candidato a Vice-Prefeito junto à Betinho onde vários foram flagrados pelas câmeras do edifício subindo e descendo o elevador, saindo com bolsas e mochilas numa atitude muito suspeita.
Nessa noite, ainda estiveram nesse apartamento com o empresário Lucas Assed Bastos (amigo de Bruno e correligionário político do grupo do PR), o candidato a vereador Winster Brito (PR) junto com seu irmão Luiz Fernando da rádio comunitária Grussaí FM, o candidato a vereador Renan Sampaio, o vereador Carlos Machado (PTdoB) acompanhado de um homem, os denunciantes da Machadada e candidatos a vereador Jakson Meirelles (PTC) e Rodrigo Rocha (PR). VEJA VÍDEO NA ÍNTEGRA, CLICANDO AQUI.
Jakson já incluiu em seu depoimento que recebeu dinheiro nesse dia (veja clicando aqui), Rodrigo Rocha fez um vídeo confessando que isso foi uma trama e que também recebeu dinheiro (veja clicando aqui), Arlindo Junior revelou os bastidores dessa trama (veja clicando aqui) e Gerson Crispim confessou ter recebido 20 mil reais na ocasião (veja vídeo clicando aqui).
A Ação de Investigação Eleitoral movida pelo PMDB em face do ex-Prefeito Betinho Dauaire, do Deputado Estadual Bruno Dauaire (PR), do ex-vereador Zezinho Camarão (ex-PR), do ex-vereador Gerson Crispim (ex-PR), do Vereador Carlos Machado (PTdo B), dos candidatos a vereador da oposição à época Jakson, Rodrigo, Renan Sampaio e Winster Brito, ainda se encontra em fase de inquérito na Delegacia Federal de Campos dos Goytacazes.
Jakson Meireles – O depoimento de Jakson Meireles, que gravou uma conversa com Carla, também foi comentado pela ex-prefeita. No ano passado, o ex-candidato a vereador relatou em programa de rádio que a Machadada foi uma trama orquestrada pelo PR e que teria recebido R$ 60 mil para participar. Foi essa versão que Jakson teria apresentado à Justiça. “Jakson relatou que não foi procurado por mim e nem pelo vereador Alex Firme (PP), que contrário ao que ele relatou à Polícia Federal na ocasião, ele foi quem nos assediou numa trama orquestrada pelo ex-vereador Camarão (atual DEM) e pelo então candidato a prefeito Betinho Dauaire”.
“Caso Sunset” – A ex-prefeita postou ainda outro vídeo (aqui), uma gravação do ex-vereador e candidato a vice em 2012, Gersinho Crispim. No vídeo, Gersinho fala sobre o desenrolar dos fatos e sobre um valor recebido. Carla atribuiu o fato a uma “movimentação suspeita no Sunset”. “Infelizmente, esse crime ocorrido no Sunset, após quase quatro anos ainda está sendo investigado pela Polícia Federal, enquanto a Machadada durou pouco mais de um mês, onde o TRE indeferiu o pedido de prisão feito e nesse mesmo dia a PF abriu outro inquérito por crime de flagrante, o que levou a mim e ao vice-prefeito Alexandre Rosa a sermos presos. Deus é tão bom, que em 2014 o TRE sequer recebeu a denúncia de crime e a fiança que eu e Alexandre tivemos que pagar para sermos soltos, nos foi ressarcida pela Polícia Federal”.
Arlindo e Paulo Cassiano – No último post sobre o assunto, Carla fala sobre o depoimento de Arlindo da Conceição, que chegou a ser preso por falso testemunho (aqui). Arlindo também teria confessado que “trama organizada para tentar tirar a eleição” do grupo político ligado a então prefeita. “Houve um equívoco durante a sua oitiva, no entanto, Arlindo fez a juntada na PF de várias gravações e transcrições de conversas ocorridas entre ele e o delegado Paulo Cassiano. Esse material poderá comprovar que ele, mesmo após a eleição, permaneceu a pedido do delegado Federal Paulo Cassiano, monitorando os outros três denunciantes e que demonstra a estranha preocupação que esse delegado tinha numa possível mudança da versão dada pelos denunciantes à PF período eleitoral/2012”.
fonte: O Diário | Portal OZK