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Um executivo de 47 anos pulou do 19° andar do prédio onde morava, na cidade de Gurugram, na Índia, no dia 16 de maio. Entre outras coisas, o bilhete explicando os motivos de seu suicídio dizia:
“Não posso suportar. Sinto muito. Estou deprimido. Não vejo outra saída a não ser o suicídio”.
"Não posso suportar", "deprimido", "sem saída" — cada palavra em seu bilhete deve soar familiar para centenas de pessoas de várias idades, etnias e grupos econômicos em todo o mundo. Muitas vezes, descartamos sintomas de depressão clínica como se fossem fases estressantes que em algum momento vão passar.
Outras vezes, ignoramos sinais claros de que um amigo, colega ou parente está deprimido, porque temos a tendência de classificar tais sintomas como "mudanças de humor" e deixamos a pessoa lutar contra seus demônios sozinha.
Na verdade, a depressão ainda precisa ser aceita como um tipo de doença que precisa de atenção médica como qualquer outra enfermidade física.
A falta de debate sobre a depressão, a desinformação e o estigma tornam quase impossível para indivíduos que enfrentam o problema chegar à conclusão se devem ou não buscar ajuda profissional.
Por isso, conversamos com vários profissionais de saúde mental e preparamos uma lista de sintomas que não devem ser ignorados caso persistam por muito tempo.
Segundo Harsheen Arora, psicóloga de Délhi, na Índia, se alguém se sente perturbado e perde o interesse e o prazer em todas as atividades, é um sinal de que ele ou ela deve procurar um médico.
“O indivíduo experimenta pelo menos quatro sintomas, tais como: perda de apetite, do sono, energia reduzida, sentimentos de inutilidade ou culpa, dificuldade em tomar decisões ou concentrar-se e até mesmo pensamentos recorrentes de morte ou ideias suicidas”, disse.
1. Dor física (psicossomática).
“É comum para uma pessoa deprimida reclamar de uma dor constante não identificada”, diz Arora. Isso é especialmente comum em crianças que não podem identificar o que há de errado com elas.
O sinal de alerta virá “na forma de sintomas físicos inexplicáveis ou psicossomáticos, tais como dores no corpo, sintomas gastrointestinais e assim por diante’, diz Samir Parikh, chefe de saúde mental e ciências comportamentais da Fortis Healthcare.
2. Aumento da irritabilidade.
“Explosões de raiva, culpar as pessoas ou frustração quando as coisas não acontecem como o indivíduo quer é outro alarme”, diz Arora. Isso é especialmente evidente quando você sente que está perdendo a conexão com o resto do mundo por causa dessas explosões.
3. Um declínio visível de energia.
Sentir-se cansado continuamente e fatigado também são sinais comuns de depressão, caso persistam por muito tempo, diz Era Dutta, consultora de psiquiatria do SL Raheja Fortis Hospital, em Mahim, na Índia.
4. Falta de interesse em atividades antes apreciadas.
Se uma pessoa perde o interesse em atividades que ela antes apreciava muito, isso deve ser visto como um sinal de alarme. Se você notar uma diferença visível nos níveis de entusiasmo de uma pessoa que conhece bem e perceber que a situação persiste por muito tempo, deve tentar ter uma conversa sobre depressão com ela. Ou então encaminhá-la a um profissional de saúde mental.
5. Culpa.
Culpar-se por estar doente ou não conseguir cumprir as responsabilidades no trabalho ou no lar também é um sinal.
“Uma senso exagerado de responsabilidade por ocorrências negativas (isso pode alcançar proporções irracionais) deve ser preocupante”, diz Arora. Ela acrescenta que os pacientes podem acabar analisando muito acontecimentos corriqueiros e até mesmo submeter-se a um intenso e prejudicial escrutínio.
6. Apetite desregulado.
“Pessoas deprimidas têm de se forçar a comer e sofrem de uma significativa perda de apetite”, diz Dutta.
“Já outras sentem forte desejo [de comer] e podem acabar com compulsão alimentar”, diz Arora.
7. Letargia.
Quando as menores tarefas precisam de um esforço considerável para serem completadas, a pessoa deve perceber que há algo errado. Não conseguir cumprir os prazos no trabalho com frequência e a incapacidade de trabalhar devem soar o alarme, diz Parikh.
8. Pensamentos perigosos.
Se alguém alguma vez falar em acabar com a própria vida, a pessoa confidente deve imediatamente buscar ajuda profissional para o(a) amigo(a). Arora diz que as pessoas deprimidas negam veementemente que estão tristes, mas frequentemente pensam em se suicidar.
Caso você — ou alguém que você conheça — precise de ajuda, ligue 141, para o CVV - Centro de Valorização da Vida. O atendimento é gratuito. No exterior, consulte o site da Associação Internacional para Prevenção do Suicídio para acessar uma base de dados com redes de apoio disponíveis.
fonte: Exame