(Foto: Fábio Guimarães | Extra) |
Um grande mal-estar e uma dor nas costas levou a empregada doméstica Arianna Batista Oliveira, de 31 anos, a procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santa Luzia, São Gonçalo, na sexta-feira passada. Ela foi diagnosticada com pneumonia, e o médico receitou alguns medicamentos. Mas, para a surpresa dela, a farmácia da unidade não tinha nenhum deles.
Infelizmente, esse não é um problema pontual. Assim como Arianna, muitos moradores da cidade passam pelo transtorno de precisar de remédios e não conseguir. Para tentar diminuir essa carência, a câmara de vereadores de São Gonçalo aprovou, na semana passada, um projeto de lei para criar um banco de medicamentos que será alimentado por meio de doações de pessoas físicas e jurídicas.
O documento já foi encaminhado para o prefeito Neilton Mulim sancionar. E a medida deve beneficiar pelo menos cem mil pessoas. A ideia é criar um estoque de remédios que não foram totalmente utilizados, que estejam em bom estado de conservação e dentro da data de validade.
— Acho a ideia muito boa! Eu, por exemplo, tenho uma caixinha cheia de remédios que não uso. E, ao mesmo tempo, o médico da UPA me passou três medicamentos, e não tenho nenhum deles. Nem a unidade tem. Ou seja, vou ter que dar um jeito de arrumar o dinheiro para comprar — diz Arianna.
O
utra gonçalense que também precisa se virar para comprar medicamentos é a diarista Lidiane Gomes, de 34 anos. Por mês, ela desembolsa cerca de R$ 50 para o remédio que controla a epilepsia do filho, de 11 anos. Segundo ela, a criação do banco pode fazer com que empresários também passem a ajudar a população mais carente do município:
— Não sei se muita gente vai doar o remédio de que meu filho precisa. Mas como o projeto também vai aceitar doações de pessoas jurídicas, é possível que alguma empresa aproveite para fazer esse tipo de caridade. Até eu vou doar os remédios que a gente não usa mais lá em minha casa.
Nas mãos do prefeito
Acostumada a guardar os remédios que não usa mais numa caixinha, a aposentada Luísa Planz Santos, de 63 anos, já começou a selecionar os medicamentos que pretende doar quando o banco estiver funcionando:
— O cenário perfeito seria encontrar todos os medicamentos nas unidades de saúde pública, mas isso sabemos que está longe de ser nossa realidade. Por isso, concordo que devemos doar os remédios que não usamos mais para quem precisa.
Outro que concorda com o projeto é o fuzileiro naval Patric Vieira, de 23 anos:
— Uma sociedade evoluída precisa ser caridosa.
Fonte: Jornal Extra