Por 29 votos a 16, a maioria simples, a Câmara do Rio vetou a abertura do processo para investigar o prefeito Marcelo Crivella. O resultado foi comemorado por vereadores da base governista e também pelos manifestantes pró-prefeito que assistiam à sessão extraordinária, que teve a presença de 47 dos 51 vereadores. Não estavam no plenário da Câmara do Rio os vereadores Carlos Bolsonaro (PSC), Chiquinho Brazão (Avante), Marcello Siciliano (PHS) e Verônica Costa (MDB).
Mesmo se fosse aprovado, o prefeito não seria afastado do cargo. Ele permaneceria na função durante os trabalhos da comissão, que teria 90 dias para analisar as denúncias feitas contra o prefeito. Reportagem de O GLOBO revelou na semana passada uma agenda secreta do prefeito com pastores evangélicos na qual ele prometeu uma série de facilidades, como agilidade para cirurgias de cataratas e varizes.
GALERIAS LOTADAS
Com galerias lotadas, a sessão começou pontualmente às 14h. O clima era bastante tenso dentro e fora da Câmara. Em galerias separadas, manifestantes a favor e contra o impeachment do prefeito trocavam palavras de ordem durante todo o tempo que os vereadores discursaram. Enquanto o grupo a favor do prefeito, na Galeria A, gritava "Crivella", o grupo na Galeria B gritava "fora". O barulho chegou a atrapalhar os discursos. Cada parlamentar teve apenas cinco minutos para falar.
Enquanto do lado de dentro da Câmara os manifestantes pró-Crivella estavam presentes em peso, do lado de fora a manifestação contra o prefeito tomou conta das escadarias da Câmara. Representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) estão com um carro de som discursando contra o prefeito. Um grupo menor, armado com apenas uma caixa de som, tentava fazer frente ao carro do Sepe, pedindo "fica Crivella" e "fora Freixo."
ARTICULAÇÕES POLÍTICAS
O prefeito Marcelo Crivella não perdeu tempo para se articular nos bastidores da Câmara dos Vereadores para recompor sua base e evitar que um processo fosse aberto. A costura política passou, principalmente, pelo fortalecimento do apoio do MDB. Para isso, ele convenceu Paulo Messina (PRB) a se manter no cargo e unir a base. Mesmo desgastado no estado por causa dos escândalos envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral e as denúncias da Operação Lava-Jato, o partido, que conta com nove cadeiras, ainda é a maior bancada do Legislativo carioca.
O prefeito também promoveu mudanças no segundo escalão da administração municipal com o objetivo de recompor a base na Câmara do Rio. Na dança das cadeiras, saíram assessores que haviam sido indicados por Rosa Fernandes (MDB), Rafael Aloísio Freitas (MDB) e Marcelo Arar (PTB). Apesar disso, Messina afirma que as trocas já estavam decididas antes da crise atual.
Fonte: Extra