Na noite do último sábado, com a cidade esvaziada de sua população — que veraneia nas praias —, com o auxílio de uma retro escavadeira hidráulica de esteira, de alguns caminhões baú e de veículos que supervisionavam a ação noturna, foi iniciada a derrubada de um exemplar arquitetônico remanescente da aristocracia do século XIX, situado na esquina da rua Saldanha Marinho com a Treze de Maio, em pleno centro da cidade de Campos. Como secretário de Cultura e presidente do Conselho de Preservação do Patrimônio Arquitetônico Municipal (Coppam), Orávio de Campos promete acionar o Ministério Público Estadual (MPE) ainda na manhã de hoje.
Em 12 de julho do ano passado, a Folha da Manhã abriu a matéria intitulada “Guarde o sorriso para o ano que vem” na capa da Folha Dois. A reportagem chamava a atenção para o estado de abandono do histórico casarão. O ano de 2013 não chegou com um sorriso, mas com o prédio transformado em escombros. Naquela ocasião, o professor e acadêmico Aristides Soffiati enquadrara a construção como uma possível última representante do tipo de construção narrada no livro do campista José Cândido de Carvalho “O coronel e o Lobisomem”.
Também na mesma oportunidade Orávio de Campos afirmara que prédio estava protegido.
A chácara está protegida pela Lei 7972, de 31 de março de 2008, como um importante símbolo da chamada aristocracia urbana. É importante para a historicidade, pelo ponto de vista da cultura e do patrimônio arquitetônico — disse.
Para o professor e pesquisador representante da sociedade civil no Coppam, Leonardo Vasconcelos, a chácara, construída em 1870, era um bem arquitetônico que já não existe no município; uma construção colonial de alto padrão. Era também um bem histórico, foi residência de uma pessoa destacada; o comerciante português Matias José de Freitas Aranthes, um influente negociador de açúcar. “O pedido de demolição chegou há cerca de seis meses no Coppam e foi recusado. Propus então no Conselho que a prefeitura desapropriasse o imóvel e lá instalasse o Museu Temático do Comércio, não foi aceito pelo presidente Orávio de Campos.
Para o professor e pesquisador representante da sociedade civil no Coppam, Leonardo Vasconcelos, a chácara, construída em 1870, era um bem arquitetônico que já não existe no município; uma construção colonial de alto padrão. Era também um bem histórico, foi residência de uma pessoa destacada; o comerciante português Matias José de Freitas Aranthes, um influente negociador de açúcar. “O pedido de demolição chegou há cerca de seis meses no Coppam e foi recusado. Propus então no Conselho que a prefeitura desapropriasse o imóvel e lá instalasse o Museu Temático do Comércio, não foi aceito pelo presidente Orávio de Campos.
O fato é que o Coppam não tem “poder de polícia” e sendo assim não é respeitado por não poder impedir ações de derrubada no nascedouro”, fala o pesquisador. Ele revela ter, por vezes, ímpetos de se desligar do Coppam, “Fico com a sensação de servir para referendar atitudes de desobediência civil, de tirar minhoca do asfalto; está tudo errado no Coppam, nem um calendário de reuniões regulares temos mais. Nada mais me causa espanto e pelo jeito vai continuar”, desabafou Leonardo.
Violências à preservação do patrimônio público como esse último, ano a ano se repetem em Campos. Chocam os formadores de opinião, indignam a ainda frágil cidadania, fortalecem a amnésia histórica da população local.
Logo pela manhã de hoje, o MPE será oficialmente notificado da derrubada do histórico imóvel, é o que promete fazer Orávio de Campos. “Já pedi ao fotógrafo Wellington Cordeiro o registro de imagens. Afinal o Coppam é de preservação, não de demolição. Já havia uma informação à família do ex-prefeito Carlos Alberto Campista [proprietária do imóvel] de que se tratava de um prédio tombado, apesar dele pessoalmente ter entrado com uma liminar, também na Justiça Comum, arguindo o direito de propriedade para demolir o prédio. Vamos nos dirigir ao Dr. Marcelo Lessa. Como presidente do Coppam não fui notificado do ato, não tivemos conhecimento prévio. Em um sábado, pela noite, me parece que a ‘coisa’ contém algum dolo”, lamentou Orávio.
Fonte: fmanha/ Luciana Portinho
Fonte: fmanha/ Luciana Portinho