terça-feira, 2 de outubro de 2012

PACIENTES DA SANTA CASA DE CAMPOS SEM MÉDICOS, FALTA DE HIGIENE E DESCASO

Foto: Ralph Braz
“Eu estou há 22 dias sentada nesta cadeira aqui. Ele (marido) está com o fêmur quebrado. E eu sentada aqui na cadeira e não tem solução. Ele tem 70 anos, não levanta nem nada (…) Hoje fui falar com o diretor e ele sumiu pra lá e ninguém viu”, as palavras de aflição são de uma acompanhante de um paciente da Santa da Casa de Misericórdia de Campos dos Goytacazes, RJ, e resumem a situação de outros pacientes que estão na mesma situação.

Oito pacientes, a maioria idosos, estão internados na Santa Casa de Campos há cerca de um mês e aguardam um ortopedista para fazer cirurgias. Segundo uma enfermeira da unidade de saúde, o local tinha dois médicos.

“Não tem ortopedista na casa, filha. Mandaram eles (os pacientes), pra cá mas não teve ortopedista. Antes tinha, mas um que estava aqui saiu e o outro é candidato a vereador e não pode exercer. Aí quem está passando remédio pra eles é o médico da triagem”, disse a enfermeira.

Como consequência, os pacientes aguardam há dias enquanto um ortopedista não é disponibilizado.

A reportagem do G1 Norte Fluminense entrou na unidade por duas vezes com uma câmera escondida e conseguiu entrar nas enfermarias masculina e feminina, além dos corredores de três andares do hospital. A equipe de reportagem da InterTv também conseguiu entrar e em nenhum momento foi questionada sobre a falta de autorização nem a permanência no local.

Nas enfermarias, falta de higiene, falta de privacidade e o pior: descaso com os pacientes. As roupas de quem está internado na unidade secam em uma área improvisada ao lado das roupas sujas e do lixo hospitalar.
Foto: Ralph Braz

O material que aparentemente é usado na limpeza é deixado pelos corredores, onde a equipe de reportagem também encontrou um aparelho médico. Em uma das portas abertas, uma sala escura com fios soltos, e nenhuma proteção para impedir a entrada de qualquer pessoa. 

Veja a conversa entre a reportagem e uma jovem que acompanha um paciente de 86 anos:

Acompanhante: Ele está aqui há 24 dias.
Repórter: E qual o problema dele?
Acompanhante: Fêmur quebrado.
Repórter: E o que o médico falou pra ele?
Acompanhante: Falou nada não. Parece que tem que ver o ortopedista pra atender ele, mas nunca veio nenhum ortopedista aqui não. Vem clínico, só passa o remédio dele e sai.
Repórter: E o que o hospital fala pra vocês?
Acompanhante: Fala que está resolvendo que é pra semana, que é pra outra semana. Só diz que está resolvendo. Ele está com uma ferida grandona também. Ele tem 86 anos. Fui na ouvidoria e a mulher falou que está resolvendo, agora eu não sei.

A direção do hospital foi procurada pela produção da InterTv para falar sobre o assunto, mas não quis se pronunciar.



Fonte: G1/Norte Fluminense