A Venezuela passou a cobrar tarifas de 15% a 77% sobre produtos brasileiros, mesmo com certificado de origem. A medida foi adotada sem aviso prévio e atinge principalmente Roraima, estado que faz fronteira com o país vizinho. A informação foi confirmada pela Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier).
Exportadores relatam que os certificados de origem estão sendo recusados pelas autoridades venezuelanas, o que impede a isenção prevista no acordo econômico firmado entre os dois países desde 2014.
No ano passado, o Brasil teve um superávit de quase US$ 778 milhões (R$ 4,3 bilhões) com o país liderado por Nicolas Maduro. Exportou US$ 1,2 bilhão (R$ 6,5 bilhões)para a Venezuela, com destaque para açúcar, arroz, milho e outros alimentos.
O Brasil importou cerca de US$ 422 milhões (R$ 2,2 bilhões), com compras concentradas em alumínio, químicos, adubos, fertilizantes e resíduos de petróleo.
A tributação pela Venezuela ocorre a poucos dias da vigência de uma sobretaxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevista para a próxima sexta-feira. Porém, o governo venezuelano não deu qualquer explicação para a medida.
As relações entre a Venezuela e o Brasil estão abaladas desde julho do ano passado, porque o governo brasileiro não reconheceu o resultado da eleição de Nicolás Maduro. O pleito foi largamente questionado pela oposição e Maduro jamais apresentou documentos que comprovassem sua vitória.
Pela mesma razão, a Venezuela rompeu relações com a Argentina. A embaixada do país vizinho está sob a custódia do governo brasileiro.