(Foto: Rodrigo Silveira) |
Galerias lotadas e manifestações a todo momento. Vereadores governistas que não ficaram cinco minutos direto em plenário. Tensão e até empurra-empurra. A sessão da Câmara de Vereadores dessa terça-feira (13) — que votaria o Projeto de Lei 0101/2016 de Rosinha Garotinho (PR), pelo qual todos os bens imóveis do município poderão ser usados para pagar as dívidas deixadas pela prefeita com a PreviCampos — teve um pouco de tudo, menos a sessão propriamente dita. Depois de duas horas e meia suspensa, a votação foi adiada para esta quinta-feira (15), às 10h. A votação ficou emperrada, após a apresentação de emendas de autoria do vereador Marcão (Rede). Pressionado pelo público presente e pelas redes sociais e com a iminente derrota governista, a solução encontrada pelo presidente da Câmara, Edson Batista (PTB) foi enfrentar as vaias e anunciar que não haveria votação, ficando para esta quinta.
Marcão elogiou a participação da população, afirmando que, após vender três vezes o futuro, a prefeita que acabar com o patrimônio imóvel da cidade. Já o vereador governista Thiago Virgílio (PTC) acredita que nesta quinta haverá mais tranquilidade: “A oposição está tentando dificultar, dizendo que iríamos votar algo errado. Não tenho dúvidas que tudo será esclarecido. Ninguém está vendendo nada. Não existe rombo”, afirma.
Com a Câmara lotada, o vereador e prefeito eleito Rafael Diniz (PPS) chegou acompanhado da bancada de oposição: Marcão (Rede), Fred Machado (PPS), Nildo Cardoso (DEM), Zé Carlos e Dayvison Miranda (ambos do PSDC), Gil Vianna (PSB) e Genásio (PSC), tendo o reforço de Neném (PTB) e To Contigo (PRB). O grupo foi aplaudido de pé. Já quando a situação tomou seus lugares, houve uma vaia generalizada. Não compareceu à sessão Dona Penha.
Edson Batista abriu os trabalhos, mas anunciou que a sessão ficaria suspensa por uma hora, enquanto os governistas analisavam as emendas propostas por Marcão, candidato à presidência na próxima legislatura. Uma emenda aditiva proíbe a dação de bens imóveis que servem às secretarias de Saúde e Educação, além de outros que sediam secretarias e órgãos da Administração Direta e Indireta, como também o antigo Cesec, o Teatro Trianon e o Teatro de Bolso. Outra estabelece 60 dias para que a lei seja sancionada, ou seja, já na gestão de Rafael Diniz e com amplo debate com população e servidores municipais.
Mais de duas horas e meia depois, com o público irritado e gritando bastante, Edson e alguns governistas retornaram ao plenário. Havia uma possibilidade de derrota governista, já que a oposição, além dos 10, teria ao seu lado Abdu Neme (PR) e Álvaro César. Diante do cenário negativo, Édson anunciou que a votação ficaria adiada por pedido de vista de Marcão. Mais uma vez foi vaiado.
— Mais uma vez temos que parabenizar a população de Campos, que se fez presente em massa hoje (terça) na Câmara, para defender os seus direitos. Contra esse governo (Rosinha Garotinho) que após vender três vezes o futuro da cidade (empréstimo tomados com garantia dos royalties futuros até 2026), quis acabar com o patrimônio imóvel que nosso município construiu ao longo dos séculos. Em defesa deste patrimônio, foi uma vitória do povo de Campos — disse Marcão.
Thiago Virgílio, também pré-candidato à presidência da Casa em 2017, nega que haja “rombo”: “Nós, da bancada do governo nos reunimos com o presidente da PreviCampos, Afonso Oliveira, que nos tirou algumas dúvidas, inclusive de questões levantadas pela oposição. Não encaro o adiamento de hoje como uma derrota. O clima estava pesado para a votação... Ninguém está vendendo nada. Não existe rombo”, disse e ainda acrescentou: “Essa proposta dele de deixar a sanção da lei para 60 dias inviabiliza o projeto da prefeita Rosinha. Tenho certeza de que será derrotada na quinta”, afirmou Virgílio.
Já Rafael Diniz disse que a população mostrou sua força: “Foi uma vitória da população e da oposição. O projeto só será votado com a análise das emendas”, disse.
Sessão marcada por tumulto e muitas vaias
A sessão começou com tumulto e empurra-empurra depois que as portas foram fechadas. Muita gente ficou do lado de fora do plenário querendo entrar. Só depois que os ânimos ficaram mais calmos, que os trabalhos tiveram início, sendo interrompidos logo em seguida para reunião dos governistas. Algumas pessoas levaram cartazes, falando sobre o rombo na PreviCampos e da situação financeira do município. Outras colocaram nariz de palhaço.
Quando a sessão voltou, mais de duas horas e meia depois, e o presidente anunciou o adiamento, novo tumulto. Vaias e palavras de ordem, criticando o Legislativo. O público afirmou que não vai esmorecer e que estará presente, mais uma vez, nesta quinta-feira.
Proposta — O projeto de Rosinha prevê que todos os bens imóveis do município poderão ser usados para pagar as dívidas deixadas com o sistema de previdência dos servidores municipais. Para pagá-la, caso o projeto seja aprovado, Campos poderá perder todo seu patrimônio físico, incluindo o prédio da própria Prefeitura, o Cepop, o Teatro Trianon, o Teatro de Bolso, a Cidade da Criança, o Museu Histórico de Campos, o Palácio da Cultura, o Museu Olavo de Carvalho , o Mercado Municipal, o Camelódromo, a Rodoviária Roberto Silveira e o Shopping Estrada.
Fonte: Folha da Manhã