segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Pela 1ª vez em 12 anos, shoppings fecham mais lojas do que abrem


Mesmo com a abertura de 19 shopping centers em 2016, o setor fechou o ano com saldo negativo de 18.100 lojas, uma queda de 12,9% em relação a 2015, de acordo com dados da Alshop (associação de lojistas de shoppings).

É a primeira vez desde 2004 que a entidade registra um saldo negativo na abertura de lojas, de acordo com Luís Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da Alshop.

Além do fechamento de pontos, os novos empreendimentos abriram em média com 50% da capacidade de ocupação, diz Nabil Sahyoun, presidente da entidade.

Reflexo desse cenário, os empresários cortaram 36.659 vagas.

A queda nas vendas, resultado do endividamento do consumidor e da restrição do crédito, foi uma das principais razões para o resultado ruim.

Dados da Alshop indicam uma queda real de 9,7% no valor total de vendas do setor em relação ao ano passado. A estimativa é que este ano acumule R$ 140,5 bilhões em vendas —uma queda de quase R$ 5 bilhões em relação a 2015.

Uma das causas para o recuo foi o desempenho fraco das vendas no Natal, período de alta temporada do setor. Dados iniciais da Alshop indicam uma redução real (descontando a inflação) de 9,5% nas vendas em comparação ao mesmo período do ano passado.

O gasto médio do consumidor neste final de ano, por sua vez, caiu 11,5% em termos reais. Os segmentos de móveis e artigos para o lar, de tecnologia e de comunicação e de eletrodomésticos foram os mais afetados, com variação nominal (sem descontar a inflação) de -9%, -6,5% e -4,5%, respectivamente.

OTIMISMO

Apesar dos resultados ruins, a Alshop está otimista com o desempenho do setor em 2017 e espera uma retomada das vendas a partir de março, quando o segmento de vestuário recebe novas coleções.

As razões do ânimo dos empresários são as medidas anunciadas pelo governo Michel Temer de liberação do saque de contas inativas do FGTS, redução do juros no rotativo do cartão de crédito e a minirreforma trabalhista cujo propósito é garantir a primazia do negociado sobre o legislado.

O pacote deve estimular o consumo e aliviar os custos dos lojistas, afirma Sahyoun.

Ele não entrou em detalhes, porém, em relação a possibilidade de redução do tempo de pagamento pelas operadoras de cartão aos lojistas, hoje de 30 dias. A entidade diz que negocia em conjunto com governo e representantes do setor financeiro um período "equilibrado" e que no final de março, quando o pacote estiver melhor delineado, algo muito bom deve acontecer"






Fonte: Folha de São Paulo