sexta-feira, 6 de junho de 2014

AUDIÊNCIA NA CÂMARA DISCUTE SEGURANÇA PÚBLICA EM CAMPOS

(Foto: Ralph Braz)
Várias autoridades políticas e da área de segurança pública participaram da audiência pública na Câmara de Vereadores, na tarde desta quinta-feira (05), da qual saíram propostas que deverão ser implantadas para a redução dos índices de violência em Campos. O presidente da 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Campos), Carlos Fernando Monteiro Guru, conduziu os trabalhos.

Foi apresentado, por meio de slide, o depoimento de uma ex-usuária de crack, que relatou seu drama enquanto dependente. Ela disse que ir de encontro à droga é opcional; sair, não. Nos três primeiros meses deste ano, Campos registrou 92 homicídios, sendo 24 em janeiro, 36 em fevereiro e 32 em março.

A iniciativa da audiência para discutir a segurança pública foi da OAB e do Rotary Clube São Salvador, com apoio da Câmara. Guru disse que a sugestão da OAB é pela implantação no município do Disque Denúncia com a mesma metodologia desenvolvida no Rio de Janeiro pelo Movimento Rio de Combate ao Crime (MovRio).

“Entendemos que hoje é um dia importante para a cidade. Não viemos discutir índices, embora a imprensa traga diariamente notícias sobre os crimes”, afirmou ele, destacando que a audiência foi um desdobramento do fórum de segurança realizado em março na Universidade Cândido Mendes.

O comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (8º BPM), tenente coronel Antônio Carlos Sabino, explicou que nem o Rio de Janeiro e ou Campos estão entre as 30 cidades mais violentas do país.

“O problema é que os jovens estão em completo abandono, sem perspectiva de vida. A juventude está doente e precisamos criar políticas governamentais sérias de combate ao crack, pois estamos vivendo uma epidemia dessa droga no país”, afirmou ele, acreditando que, sem educação, o Disque Denúncia de nada vai adiantar. “Hoje, a maioria das ligações para o Disque Denúncia do batalhão são trotes”.

O delegado titular da 134ª Delegacia Legal (Centro), Geraldo Rangel, disse que não adianta apontar culpados, pois todos têm culpa e a solução é de todos. Ele sugeriu o aprimoramento do sistema de câmeras de segurança do município.

O comandante da Guarda Civil Municipal, Francisco Melo, explicou que as imagens das 54 câmeras instaladas no município são de qualidade e suficientes. “São imagens cedidas com frequência para a polícia e Ministério Público. Precisamos criar uma agenda real de trabalho, escolher um tema e atacá-lo”.

O coordenador do MovRio, Jaques Zajdsnajde, disse que discutir, criticar e ser criticado é um ato de grandeza, “Se todo o Brasil se reunisse para debater questões como essa, que não são partidárias, muita coisa iria melhorar. Acredito que esse é um problema que tem solução”, afirmou ele, destacando que o Disque Denúncia foi criado no Rio em 1995, quando a cidade passou a registrar muitos casos de sequestro — foram 203 naquele ano. “É um sistema que quase não recebe trote, pois a polícia tem credibilidade, com treinamento dos profissionais que prestam atendimento”.

Para o secretário municipal da Família e Assistência Social, Geraldo Venâncio, a pobreza não é a geradora de violência. “O que gera é a invisibilidade do governo para com as periferias”, explicou ele, destacando que Campos é polo de uma série de ações voltadas para a inclusão social.

O procurador geral da República, Eduardo Santos de Oliveira, disse que a violência é tão antiga quanto o homem e é preciso dissociar a pobreza do crime. “É preciso estratégia para lidar com o traficante, já o menor infrator passa a ser ferramenta em suas mãos e ele não merece respeito do estado”.

Redução das desigualdades - O presidente da Câmara de Vereadores, Edson Batista, fez uma reflexão da sociedade que se deseja construir. “Viemos de uma sociedade escravagista e de barões, mas nosso compromisso social deve ser por uma cidade mais equilibrada e não de barões. Desenvolvimento, sim, mas com justiça social. Com políticas de redução das desigualdades”. Para o vereador Paulo Hirano, a impunidade é o que estimula o crime.

Ao final da audiência, Guru agendou para a próxima terça-feira (10), às 16h, uma reunião na sede da OAB a fim de se criar uma comissão para estudar as propostas apresentadas.



Fonte: Ascom