domingo, 18 de setembro de 2016

Mar avança sobre Pontal em Atafona e alaga ruas

(Foto: Camila Silva)
Duas ruas do Pontal em São João da Barra amanheceram alagadas devido ao avanço da maré em Atafona. Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, Felício Valiengo, o nível da água chegou a 30 cm e entrou em algumas casas, mas não houve a necessidade de retirada de moradores do local.

Na manhã deste sábado, uma equipe da prefeitura esteve no local para diminuir os estragos. “Estamos em um período de maré alta. Como as ruas estão no mesmo nível do mar, a elevação é logo sentida. A partir de amanhã o nível deve começar a diminuir. Hoje foi realizada uma intervenção. Com a construção de uma vala, estamos drenando a água de volta para o mar”, relatou Felício.

(Foto: Alanir Loureiro)
Moradores da Baixada, em Atafona, passaram uma madrugada de olhos bem abertos e muito preocupados. A variação da maré aliada à chegada de uma frente fria na região, causou grandes pontos de alagamentos próximo ao Pontal. A combinação de fatores gerou, também, avanço do mar na foz do Paraíba destruindo materiais das residências.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil de São João da Barra, Felício Valiengo, o monitoramento da área iniciou na última quinta-feira, 15 e continuará até terça-feira, 20, pois há possibilidade de maré nos próximos dias.

– Por volta das 3h da manhã a maré começou a encher e inundou as duas ruas da comunidade com cerca de 30 centímetros. Não houve necessidade de retirada dos moradores do local. Houve um ciclone no nosso litoral nessa semana e essa ondulação demora de dois a três dias para chegar a costa. No Açu não houve nenhuma solicitação -, destacou.

Felício acrescentou, ainda, que essa maré, que é um acréscimo do voluma d’água, tem mais força na foz que fica localizada no Pontal.

– A intervenção foi feita com uma abertura de uma vala para drenagem da água que ficou represada. Uma retroescavadeira foi utilizada na ação -, concluiu.

Segundo informações da moradora Ketlien Ferreira, as águas molharam todos os pertences da minha prima.

– Estamos apavorados, pois não esperávamos que fosse alagar tudo. A rua Beira Rio Pontal ficou completamente alagada. Acredita que dessa vez o mar veio com mais força -, disse.

Maré de sizígia

De acordo com informações no Wikipédia, a sizígiaem oceanografia e em astronomia, são as marés que ocorrem nas luas nova e cheia, quando os efeitos lunares e solares atuando em conjunto, reforçam uns aos outros, produzindo as maiores marés altas e as menores marés baixas.

Ao efeito da variação das fases da Lua junta-se a rotação da Terra: durante os equinócios (em março e setembro), o Sol está mais próximo da Terra, o que reforça o seu efeito de atração, pelo que as marés altas são maiores e as baixas menores nesses momentos do ano.

A destruição 

Segundo especialistas, o que acontece é um fenômeno de transgressão do mar, que nos últimos 35 anos avançou três metros a cada 12 meses. A cada ano o mar avança cerca de três metros.

Através de uma pesquisa, 15 ruas e cerca de 500 casas já foram engolidas pelo mar. Em apenas um ano, a violência do mar sumiu com uma área do tamanho de três campos de futebol.

No início dos anos 70, magníficos casarões foram sendo construídos, sendo o primeiro, da Indústria de Bebidas do empresário Hugo Aquino, na rua Capitão Nelson Pereira e assim as águas do mar vieram invadindo trechos da praia mais próximos à foz do rio, destruindo tudo que estava a sua frente.

Atafona aguarda projeto de recuperação

Se os moradores do Açu sofrem com o avanço do mar, os de Atafona já vivem com essa realidade há décadas. No ano passado, na Superintendência do Patrimônio da União (SPU/RJ), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, o prefeito de São João da Barra José Amaro de Souza, Neco, protocolou o Projeto de Engenharia para recuperação da orla de Atafona, requerendo a licença ambiental — com a cessão da faixa de areia e espelho d’água — para execução do anteprojeto elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH).

Neco também esteve em Brasília, onde conversou com políticos da região em busca de recurso para o projeto.

Além do avanço do mar, Atafona sofre com o assoreamento na foz do Paraíba, que prejudica a principal atividade econômica da praia, a pesca.







Fonte: Folha da Manhã  | Parahybano