sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Palácio Rio Negro(casa de veraneio presidencial) em Petrópolis, enfrenta graves problemas de manutenção


Papel importante na história da República brasileira, o Palácio Rio Negro sofre com o abandono. Construído em 1889, o espaço foi sede do Governo do Estado por seis anos e incorporado pelo Governo Federal em 1903, sendo oficializado como casa de veraneio dos presidentes, recebendo dezesseis governantes até 2008, quando recebeu a última visita, de Lula. No espaço, localizado na Avenida Koeler, há problemas como paredes descascadas, infiltrações, infestação de cupins, entre outros.

O Palácio foi construído para ser residência do Barão do Rio Negro, importante comerciante de café, que foi proprietário do local até 1894, quando se mudou para Paris. Em 1896, devido à Revolta da Armada, o governo fluminense foi transferido para Petrópolis e tomou como sede o Rio Negro.

Em 1902, com a volta do Governo a Niterói, o Palácio ficou desocupado até, no ano seguinte, ser incorporado pelo Governo Federal, durante a gestão de Rodrigues Alves, quando se tornou residência oficial de verão dos Presidentes da República. Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart e Fernando Henrique Cardoso estão na extensa lista de governantes que passaram pelo local. A última visita foi em 2008, quando Lula visitou o espaço.




O imóvel já foi ocupado também pela Prefeitura de Petrópolis, por aproximadamente 12 anos, sendo devolvido à União em 2005, por determinação judicial, passando a ser administrado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) até, em 2009, o espaço começar a ser gerido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

Se no próximo verão o presidente eleito resolver visitar o espaço, será surpreendido pelos graves problemas na estrutura do local. Do lado de fora, os degraus em mármore, que dão acesso à entrada principal, estão com rachaduras. Em um ponto, próximo à porta, há um cone sinalizando o problema, para evitar acidentes, já que o piso está quebrado.

Portas, janelas e paredes descascadas completam o cenário de abandono. Parte do telhado está quebrada, com muitos pontos com lodo e a fachada conta com infiltrações na parte superior. Na lateral do prédio, há uma escada interditada com faixas, sem nenhuma especificação do problema.

Ao entrar no Palácio, que foi tombado pelo Iphan em 1982, o cenário de abandono é ainda mais preocupante. Na recepção, há rachaduras em algumas paredes e grandes pedaços com infiltração.

Na sala ao lado, há portas e janelas totalmente tomadas por cupins, com frestas de janelas caídas e molduras já inexistentes. Em praticamente todas as salas, há problemas de infiltração, paredes descascadas, papel de parede solto, entre outros. Algumas varandas, ainda, estão escoradas por risco de desabamento.

O quarto que pertencia ao presidente Getúlio Vargas, o governante que mais visitou o local, se encontra com paredes em péssimo estado, e, em uma das janelas, o alisar está faltando, aparentando ter caído por falta de manutenção. Outros quartos também apresentam avarias, assim como banheiros e a escada que dá acesso ao segundo andar. No auditório, pedaços do teto estão faltando.

O cômodo em estado mais crítico é a Sala do Gabinete, que possui todas as suas paredes e teto descascados, além de partes do papel de parede soltas. No local, retalhos propositais haviam sido feitos para mostrar a pintura original da sala, que hoje se confundem com a falta de pintura.

Sofás, estátuas e cômodas, todos originais do Palácio, não escondem o mau estado de conservação do importante prédio. Infiltrações e grandes pedaços de parede faltando, além de rachaduras que tomam conta de paredes inteiras, destoam dos elegantes móveis.

Outro problema é o elevador do local, que poderia ser usado por idosos e deficientes físicos, mas está desativado há, no mínimo, sete anos. Uma fonte ligada ao Diário informou que o equipamento funciona, mas está fora de uso, sem nenhuma causa aparente. Visitantes que buscam resposta para o transtorno vão embora sem uma explicação.

Caso é alarmante e exige maior atenção por parte dos órgãos

O incêndio que atingiu o Museu Nacional, em setembro, se tornou alarmante para este tipo de instituição, não apenas para questões de incêndio, mas também com relação à manutenção e à infraestrutura. Na ocasião, o prédio bicentenário, que abrigou a primeira instituição científica do Brasil, foi totalmente tomado por chamas, que destruíram grande parte do acervo.

O Corpo de Bombeiros informou, na época, que o espaço funcionava sem autorização do órgão, por não atender aos requisitos básicos de segurança, como extintores, caixas de incêndio, entre outros. Uma lista, que relacionava os 29 museus administrados pelo Ibram, apontou que apenas duas instituições possuíam os respectivos certificados, um em São Paulo e outro no Espírito Santo. O Palácio Rio Negro, também gerido pelo Instituto, não possui o certificado.

O Ibram e o Iphan foram procurados pelo Diário, mas, até o fechamento desta matéria, não haviam respondido. A última informação referente à infraestrutura do local é de novembro do ano passado, quando foi realizada obra de requalificação da estrutura elétrica no interior e exterior do Palácio. A reforma incluiu, entre outros, a instalação de eletrocalhas, equipamentos para a casa de geradores, para-raios e iluminação da fachada.





Fonte: Diário de Petrópolis