Os detentores do poder não são exatamente as pessoas mais solidárias. No nosso caso, por exemplo, o prefeito e o grupo político que o cerca não parecem estar nem aí para os graves problemas que produziram na administração municipal e que vão deixar sem solução transporte público, lixo, iluminação pública, rombo no fundo previdenciário dos servidores, dívida estratosférica, dinheiro retido para cobrir acordos judiciais não respeitados e por aí vai. Se eles não encontram energia ou interesse para tentar pelo menos amenizar alguns desses problemas, que tendem a se agravar até o fim do ano, parece que a mesma coisa não acontece em relação aos interesses políticos do grupo. A energia está sendo consumida em busca de acordos que garantam a eleição do ex-presidente da Comdep, Léo França, para a presidência da Câmara Municipal. A eleição será em 1º de janeiro.
O que falta
Nos últimos dias, o assunto era debatido entre eles como se o projeto estivesse avançando bem. A estratégia já teria conquistado até mesmo o voto do atual presidente da Câmara, vereador Júnior Coruja, considerado em outras rodas forte candidato ao posto pretendido por Léo França. E mais: para ser vitorioso, dependeria apenas da conquista do voto do vereador Luiz Eduardo Dudu, que hoje também se diz candidato. Esta montagem política, estaria baseada no fato de o vereador Fred Procópio, candidato preferido de Hingo Hammes, representar a direita. A candidatura de França seria, portanto, de esquerda. E teria condições de conquistar votos à esquerda. Fala-se em PSOL e PcdoB. A conferir.
Mais problemas
O Tribunal de Contas do Estado mudou a posição sobre as cotas de 2022 do governo Rubens Bomtempo, que tinham recebido pareceres contrários à aprovação, tanto do corpo técnico da instituição, quanto da procuradoria de contas do MP, que concluíram pela rejeição. É mais um problema para a já longa fila de contas que a Câmara de Petrópolis se recusa a examinar. Os vereadores não poderão ignorar as questões técnicas e legais levantadas pelos técnicos do tribunal.
Silêncio e paralisia
O governo municipal não deu uma só informação, uma só palavra, uma só avaliação do trabalho do Departamento de Recursos Minerais (DRM), que concluiu haver mais de 15 mil famílias morando em áreas de risco em Petrópolis. E não se percebe qualquer mobilização da Defesa Civil, tanto municipal quanto estadual, para proteger minimamente os ameaçados.
O desastre na área do lixo
Não será fácil consertar o estrago feito pela atual administração municipal na área do lixo. Todos os setores do sistema estão comprometidos. O governo Bomtempo produziu problemas graves na varrição, que é a limpeza do mobiliário público (ruas e praças), a limpeza de caixa de lobo ou bueiros, a retirada de entulho e inservíveis domiciliares (móveis e eletrodomésticos, principalmente, descartados pelas famílias), poda e capina, coleta de lixo domiciliar, coleta de lixo da área de saúde (clínicas médicas, hospitais, veterinárias, estéticas etc.), e coleta seletiva, capaz de desenvolver hábitos saudáveis e sustentáveis. Em Petrópolis, toda essa cadeia está em crise. Nada funciona minimamente bem.
A esperança de haver uma retomada em direção à normalidade está na atuação do Ministério Público, única instituição fiscalizatória que se dispôs a investigar o que está ocorrendo. E, quem sabe, encontrar os responsáveis, para que não fiquem impunes. O que está acontecendo é muito grave. De um modo geral, só percebemos a falta do caminhão de coleta, que é apenas uma das consequências do desajuste total.
Fonte: Coluna do Douglas Prado