sexta-feira, 22 de março de 2013

PORTO DO AÇU: DENÚNCIAS E RUMORES ENVOLVENDO EIKE BATISTA



O bilionário Eike Batista entrou em uma esteira de especulações, que envolvem o governo, o Itamaraty e a empresa de Cingapura Sembcorp Marineo, responsável pela construção do estaleiro Jurong de Aracruz, no Espírito Santo. Isto porque informações dão conta de que representantes do grupo e o governo tentaram transferir o empreendimento para o Porto do Açu, do Grupo EBX, de Eike, localizado no norte do Rio.



A denúncia teve início com um pronunciamento do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) em plenário na última quinta-feira (13), no qual acusou o diplomata Luís Fernando Serra de fazer lobby para o empresário carioca. Acuado, o embaixador brasileiro em Cingapura afirmou à revista Época que foi procurado diversas vezes por Amaury Pires, ex-diretor do Fundo da Marinha Mercante e executivo do grupo EBX, e pelo próprio ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, para que agendasse um encontro com os executivos estrangeiros. Segundo Serra, a alegação era de que o investimento coincidiria com as vontades do governo e do megaempresário.



Porto do Açu: dificuldades de viabilização 

O Porto do Açu, cujo investimento é orçado em mais de R$ 4 bilhões, sofreu algumas derrotas no ano passado e a incerteza ronda o empreendimento. Em novembro, a siderúrgica estatal chinesa Wuhan Iron and Steel Corporation (Wisco) desistiu de sua participação no complexo, alegando falta de infraestrutura necessária para o projeto. Pensado para a siderurgia, o porto agora recebe investimentos de empresas de petróleo e gás. 

Além disso, o Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ) já moveu ação civil pública pedindo o fim das obras de instalação do porto. Segundo o órgão, pesquisas da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) detectaram que as obras causaram a salinização em áreas do solo, de águas doces em canais e lagoas e de água tratada para o consumo humano. 

Em nota, o MPF ainda pediu liminarmente "o adiamento do início da operação do Porto do Açu, enquanto não forem comprovadas a restauração ambiental e a ausência de ameaças ao equilíbrio ambiental da área, e que o Inea suspenda as licenças de operação emitidas ou por emitir relacionadas às obras, enquanto a recuperação do meio ambiente não for comprovada".


A questão, segundo analistas de mercado, foi que Eike Batista vendeu um grande projeto, objeto de muito interesse pelo mercado, mas ainda não conseguiu realizar estes investimentos. Nesta semana, um artigo da agência de notícias Bloomberg trazia uma conta, revelada por fontes não identificadas, de que instituições financeiras de prestígio já haviam capitalizado o grupo X com mais de R$ 12 bilhões. E pressionavam por resultados ou garantias que reverteriam o investimento em lucro.



O noticiário adverso contribui bastante para uma performance negativa da holding de Eike e o mercado poderia estar pressionando por isso, segundo avaliaram analistas. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que "acompanha e analisa as operações envolvendo companhias abertas e adota as medidas cabíveis, quando necessário", mas que não comenta casos específicos. 

As ações do grupo vêm sofrendo quedas acentuadas no mercado de capitais, e o noticiário não ajuda o desempenho. Como exemplo, a OGX Petróleo perdeu, somente neste ano, quase 45% de seu valor de mercado. "O papel da OGX chegou a quase R$ 23, um patamar próximo ao da Petrobras, e hoje está em R$ 2,50. Ela é uma empresa pré-operacional e estava entre as cinco de maior liquidez na bolsa", ressaltou um analista que não quis se identificar.


Fonte: Jornal do Brasil