sábado, 16 de março de 2013

MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS COMPLETA 70 ANOS

(foto: Ralph Braz)
Uma comemoração em dose dupla promete uma viagem ao passado. No dia em que se completam 70 anos de inauguração do Museu Imperial, os visitantes ganham de presente uma exposição que homenageia outra aniversariante ilustre, a cidade de Petrópolis. A partir das 15h deste sábado, o palácio que abrigou a antiga residência de veraneio de Dom Pedro II recebe a mostra “Paisagem Petropolitana”, que reúne 30 obras em que a cidade serrana — fundada em 16 de março de 1843 — é retratada nos mais diferentes ângulos, horários do dia e estações do ano. São pinturas, desenhos, litografias, fotografias, álbuns e guias de viagens que conduzem o público num passeio a cenários da Petrópolis do século XIX.


A exposição, que marca os dois aniversários, vem reiterar o vínculo entre o museu e a cidade. A ideia do palácio é anterior à ideia de criação da cidade. Dom Pedro II herdou a propriedade, chamada Fazenda de Córrego Seco, e decidiu construir aqui um palácio, realizando o sonho do pai, Dom Pedro I, de ter uma residência de verão. Registros contam que Dom Pedro II vinha passar até seis meses nesta propriedade, que era uma de suas preferidas — explica o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Júnior.

A exposição mostra ao público paisagens dos dos tempos em que Dom Pedro II passava longos períodos do ano por ali, admirando a natureza, estudando e observando estrelas. Contam que um dos seus mirantes preferidos ficava no Morro do Cruzeiro. Uma das peças mais importantes da exposição — pela grandiosidade e pela beleza — é justamente uma reprodução de 4,5 metros de uma foto panorâmica, em 360 graus, tirada do alto daquele morro.



— Na foto, assinada pelo fotógrafo Jorge Henrique Papf, no ano de 1898, é possível ver um banco de pedra onde Dom Pedro sentava-se para admirar a vista lá de cima. É uma atmosfera totalmente diferente da que temos hoje. Agora, seria impossível tirar esta foto, porque os prédios encobririam a panorâmica. A exposição é uma forma de as pessoas verem como Petrópolis era e perceber as transformações que a cidade sofreu, além de descobrir ângulos diferentes — diz o diretor do Museu Imperial.

Quem for até o palácio também terá a chance de admirar a delicadeza das três aquarelas sobre cartão, de 1882, da pintora Caroline F. Levenson Gower, que registraram a mesma vista da Serra de Petrópolis em três períodos do dia: pela manhã, ao meio-dia e ao entardecer. No acervo, há ainda uma belíssima vista da subida da serra, do artista belga Benjamin Mary, que integrava um álbum do príncipe de Joinville, marido da princesa dona Francisca, irmã mais velha de Dom Pedro II.

Com acervo de cerca de 300 mil itens, entre fotos, documentos, livros, móveis, joias e indumentárias, o Museu Imperial recebe mais de 300 mil turistas por ano. Dos oito mil objetos disponíveis na instituição, 10% estão expostos. No acervo do palácio, há peças de grande importância histórica, como a pena de ouro usada pela Princesa Isabel para assinar a Lei Áurea, em 1888. As coroas usadas por Dom Pedro I e Dom Pedro II. Um detalhe chama atenção: a do pai está sem pedras. Os 639 brilhantes e 77 pérolas foram retirados para a confecção da coroa do herdeiro.

Para o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, as duas datas são importantes para todo o país:

— Estamos emocionados. Petrópolis é realmente uma cidade especial, que produziu história para o país.



As joias em exposição

Coroa de Dom Pedro II. Com 31 centímetros de altura, a peça foi criada pelo ourives da Casa Imperial, Carlos Marin, em 1841. De ouro, com detalhes em 639 brilhante e 77 pérolas, a coroa pesa quase dois quilos. Ela faz parte do acervo do museu.

Sala de música e baile. O aposento tinha um lugar de destaque no palácio e era ali que a família realizava festas e saraus. Na saleta, está o o violino de Dom Pedro II.

Pena da princesa Isabel. A peça em ouro foi usada na cerimônia de assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravatura em 13 de maio de 1888. A pena fica exposta na sala das insígnias imperiais.

Pantufas. Para preservar o piso original do museu, o público tem que usá-las. Há 300 pares, número máximo de visitantes por vez.


Fonte: O Globo