sexta-feira, 22 de maio de 2015

SECRETÁRIO REÚNE DIRETORES PARA COAGIR PROFESSORES GREVISTAS

(Foto: Divulgação | Secom)
Professores da rede municipal de Campos acusam o secretário de Educação, Frederico Tavares Rangel, de coação e desrespeito. Em uma reunião na tarde desta quinta-feira (21), um docente gravou como os diretores de escolas devem proceder para identificar os professores grevistas que assinaram a folha de ponto e que não entraram em sala de aula. Na gravação, que você confere aqui, o secretário afirma que a orientação veio de Fábio Ribeiro, responsável pela Secretaria de Administração.

A paralisação dos professores da rede municipal de ensino de Campos chega ao quinto dia nesta sexta-feira (22), após a categoria rejeitar ontem as propostas do governo. Ao ser informada da gravação, a diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Norma Dias, disse que não está surpresa diante das tentativas de ‘jogo sujo’ que o Governo vem fazendo. “O direito de greve está garantido na Constituição. Inclusive, aos profissionais que estão no estágio probatório. A categoria sabia que a luta não seria fácil. Eles – Governo municipal – estão fazendo de tudo para nos amedrontar, mas não vão conseguir nos inibir”.

Uma diretora que teve a identidade preservada confirmou a informação de que no primeiro dia de greve, funcionários da Secretaria de Educação pediram aos gestores uma lista nominal dos servidores que aderiram ao movimento. “A alegação foi para que o Governo registrasse o número de adesão. Mas, hoje fomos colocados em uma situação constrangedora diante dos demais profissionais. O Fred (secretário) foi incisivo ao afirmar que os dias serão cortados, sim”.

Questionada sobre os dias cortados, a diretora do Sepe declarou: “Se descontar é moeda de troca, mostra a que o Governo veio. Os profissionais continuarão sendo devidamente orientados pelo jurídico do Sepe. Estamos agindo dentro da legalidade. Além disso, o Governo não pode esquecer a reposição das aulas. No caso de alguma diferença indevida no salário, as aulas não serão repostas. E quem sai perdendo é o município na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que já tem um resultado vergonhoso”, afirmou.

Na reunião desta quinta-feira, os diretores receberam as folhas de ponto das suas respectivas escolas – que foram enviadas na última segunda-feira (18). A orientação foi identificar – com um asterisco - os professores que assinaram o documento oficial e não assumiram a função nas 72 horas de paralisação, ou assinaram, porém não retornaram às atividades nesta quinta-feira - dois asteriscos.

Ainda de acordo com o áudio, as gestoras têm até o dia 27 para alterar a folha de ponto. Basta solicitar na sede da Secretaria de Educação. O grupo de diretores presentes na reunião questiona a rasura ‘autorizada’ pelo próprio secretário. “Eu tenho professor que já ficou sem receber no mês porque rasurou minimamente a folha de ponto. Agora, que convém a eles (Governo), pode fazer essa lambança em um documento oficial?”, disse uma diretora. Ela ressaltou que à frente de cada nome do servidor grevista, a gestora deveria rubricar dando ciência. Ela ressaltou que 95% das presentes ficaram nitidamente consternadas em atender à solicitação do secretário.

Sempre respeitando o princípio do contraditório e buscando as diferentes versões para um mesmo fato, o jornal Terceira Via tentou contato com a assessoria de comunicação da prefeitura, sem obter respostas. Ainda assim, o jornal aguarda e publicará as versões para este fato.




Fonte: Terceira Via | Patricia Barreto