segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Petrópolis, Cidade Imperial onde o crime não compensa


Falando sério? Nem tudo são sempre más notícias quando se olha o quadro da complexa situação da Segurança Pública do Rio Janeiro. E uma prova é essa cidade, onde o clima é sempre em média 6° abaixo da fervura na Guanabara; que gabarita em todos os itens de atrações gastronômicas e turísticas para todos os bolsos; e o mais importante: segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), Petrópolis é a cidade mais segura do estado segundo e ainda ocupa a respeitável sexta colocação do ranking nacional.

Não que tudo por aqui seja um caminho de tijolos dourados. Mesmo com mais de 7,2 mil ocorrências policiais em 2024, este número representa menos de 3% do total estadual. Apesar de estar longe de ser perfeita, esse índice torna a cidade mais convidativa do que grandes capitais brasileiras.

Se você busca um destino onde o crime parece ter sido convidado a comparecer em outro endereço, Petrópolis oferece essa narrativa cautelosamente exagerada, sem perder a elegância histórica. Com segurança, clima ameno, museus bacanas é uma cidade que prova que até o crime sabe respeitar certas linhas. Só não vá esperando zero ocorrências, porque estatística taí pra provar que a até a ironia pode ter seus limites.


Por que Petrópolis é considerada uma cidade tão segura?

Em 2024, Petrópolis registrou cerca de 7.200 ocorrências atendidas pelo 26º BPM, mas isso corresponde a apenas 2,51 % das ocorrências no estado, segundo a Polícia Militar. A taxa de homicídios de 12,4 por 100 mil habitantes, é o menor indicador estadual.

Sites como a plataforma Numbeo, uma espécie de Trip Advisor de estatísticas urbanas, a classificam com nível de criminalidade baixo (22,9/100), e taxas de preocupação com assaltos a pedestres ou casas variam de “baixo” a “muito baixo”. Petrópolis anda igual aviso de museu: “não toque nas peças”.


Como Petrópolis conseguiu esses resultados?

A principal linha é a busca por uma integração eficiente entre as forças de segurança: Guarda Civil, Polícia Militar, Polícia Civil e delegacias locais trocam inteligência e coordenam ações unificadas dentro do Centro Integrado de Operações (Ciop). Esse sistema de centralização monitora dezenas de pontos com câmeras 360° e leitura de placas, inclusive em entradas da cidade.

E não gira tudo só sobre homicídios: o desempenho geral no crime também impressiona. Em 2023, Petrópolis registrou apenas 116 casos de roubo de rua, o menor índice em 20 anos, para uma população de cerca de 270 mil habitantes. Já em 2024, mesmo com mais de 7.200 ocorrências policiais atendidas, entre casos de estelionato, ameaça, lesões, estupro e furtos de celular, essas correspondem a apenas 2,51% das chamadas recebidas pelo ISP-RJ no estado inteiro.

Esses pilares: baixa letalidade, vigilância tecnológica, integração das forças de segurança e comunitarismo urbano se combinam para que Petrópolis mantenha, ano após ano, seu posto de cidade mais segura do Rio de Janeiro.


História

Petrópolis foi fundada em 16 de março de 1843, idealizada por Dom Pedro II como refúgio de verão da corte, e ganhou o apelido de “Cidade Imperial” graças aos palácios e museus que logo brotaram por todos os lados. O clima ameno e a paisagem serrana ajudaram a consolidar seu papel como capital provisória do estado entre 1894 e 1902. Hoje, entre obeliscos, igrejas e museus, ela preserva esse charme imperial com orgulho.


Museu Imperial

Vale a pena fazer pela primeira vez, levar a namorada, as crianças, para brincar de skate enquanto deslizam em pantufas para preservar o chão impecável do Museu Imperial.

Por menos tempo tivesse passado com pai, Dom Pedro II era filho de Dom Pedro I, o que já diz muita coisa. Numa época em que Corte se vestia à européia, em trajes de veludo, o imperador se encantou por uma região menos quente que a Guanabara, onde instalou seu refúgio do verão — ou dos calores da política, eventualmente.

Com estilo neoclássico e jardins planejados, o palácio abriga cerca de 300 mil itens, além dos estuques originais e pisos em mármore de Carrara. E ainda tem o ponto alto de ver de pertinho as jóias da coroa de Dom Pedro II, exibidas desde 1943 quando Getúlio Vargas transformou o palácio em museu. Programinha perfeito para quem quer se sentir na corte, mas com conforto moderno.


Casa de Santos Dumont (‘A Encantada’)


Contrariando a imagem exagerada de aviador-aristocrata, Santos Dumont vivia minimalista. Em sua casa construída em 1918 sem cozinha, com escada de raquete (que só se sobe com o pé direito), chuveiro a álcool e ambientes sem divisórias, ele escrevia, criava e tomava banho quente muito antes disso virar trivial padrão Brasil afora, Hoje o local é museu com acervo, mini‑cinema, centro cultural 14‑Bis e uma boa dose do charme de seu criador.


Palácio de Cristal

E uma estufa gigante em ferro e vidro inaugurada em 1884, encomendada na França por Conde d’Eu para exposições de plantas.  Tudo bem, ninguém gosta do Conde d’Eu, mas a obra é hoje considerada um brinde arquitetônico à cidade e serve de palco para eventos, exposições e a famosa Bauernfest, sempre cercado pelos seus jardins belíssimos.