domingo, 24 de agosto de 2025

Morre o cartunista Jaguar: um dos fundadores do Pasquim


O cartunista Jaguar morreu neste domingo (24) em decorrência de pneumonia, após três semanas internado no hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro. Nascido em 29 de fevereiro de 1932, no Rio de Janeiro, ele se destacou como uma voz irreverente e criativa na imprensa brasileira durante décadas.

Jaguar iniciou sua trajetória artística em 1952, com ilustrações para a revista Manchete. Foi o também cartunista Borjalo quem sugeriu seu famoso pseudônimo — um apelido que se tornaria emblemático na cultura brasileira. Trabalhando no Banco do Brasil, Jaguar estava sob a tutela do cronista Sérgio Porto, que o aconselhou a manter o emprego em paralelo à carreira artística e a não se dedicar exclusivamente ao humor.


Colaboração em publicações que marcaram época

Nos anos 1960, Jaguar consolidou sua reputação ao colaborar com publicações como Senhor, Revista Civilização Brasileira, Revista da Semana, Pif‑Paf, além dos jornais Última Hora e Tribuna da Imprensa. Em 1968, lançou seu primeiro livro, Átila, você é bárbaro, que virou sucesso imediato ao combater preconceitos, ignorância e violência com ironia afiada. Sobre o título, o próprio autor ironizou: “Comparado com os vândalos de hoje, Átila não passa de um doce bárbaro”. O cronista Paulo Mendes Campos definiu o trabalho como “um livro de poemas gráficos”.

Em 1969, ao lado de Tarso de Castro e Sérgio Cabral, Jaguar fundou o Pasquim, periódico que viria a se tornar ícone da imprensa alternativa durante a repressiva ditadura militar brasileira. Com um humor irreverente e combativo, o jornal aglutinou vozes como Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil, Paulo Francis e Sérgio Augusto — formando um verdadeiro bastião da resistência intelectual e artística.

Humor com meio de enfrentamento político

A contribuição de Jaguar vai além dos traços: seu trabalho ajudou a moldar uma cultura de contestação e crítica social, elegendo o humor como meio de enfrentamento político. Sua irreverência visual e textual deixou um legado duradouro nas artes gráficas e na imprensa do país.

Sua morte representa o fim de um capítulo ágil e mordaz da história da imprensa brasileira — mas suas criações seguem vivas, lembrando-nos da força que o riso consciente tem contra a opressão.