A Procuradoria da Mulher, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizou nesta quinta-feira (14/08) a campanha “Caravana Agosto Lilás”, iniciativa que promove a conscientização e o combate à violência contra a mulher. A ação aconteceu no Largo da Carioca, no Centro, com a distribuição de panfletos sobre os serviços de acolhimento da Procuradoria. Até o fim deste mês, a programação da campanha inclui a instalação de tendas em diversos pontos estratégicos da cidade.
À frente da Procuradoria, a deputada Tia Ju (REP) reforçou a importância de intensificar a divulgação e conscientização sobre a violência contra a mulher, especialmente em espaços públicos. “É preciso alertar que os casos estão aumentando, inclusive os feminicídios e mostrar que os canais de denúncia são anônimos, como o Disque 180. Além disso, a Procuradoria da Mulher, no Palácio Tiradentes, funciona como um Procon das mulheres, oferecendo acolhimento e suporte jurídico. A conscientização e o acolhimento, em locais como esses, são essenciais para que a sociedade inteira se engaje na prevenção e no combate à violência contra as mulheres", disse.
Tia Ju também explicou sobre os serviços prestados pela Procuradoria. "Nós contamos com uma equipe multidisciplinar preparada para acolher e orientar vítimas de violência. Temos delegada, psicólogos, assistentes sociais e servidoras capacitadas para ouvir, analisar e encaminhar cada caso, oferecendo também suporte emocional. As mulheres podem se sentir seguras, pois a Assembleia, como Casa do Povo, está de portas abertas para acolher e defender seus direitos", completou.
Participação da sociedade reforça a campanha
A professora Eliana Alves participou da ação e destacou a relevância da campanha. “Muitas mulheres têm medo de denunciar porque não se sentem protegidas. Saber que existe um espaço de acolhimento, onde podem se sentir seguras e receber apoio, é fundamental", afirmou
O aposentado Sérgio Vasconcellos, que presenciou episódios de violência doméstica contra sua mãe na infância, reforçou a importância do combate ao feminicídio e da divulgação de serviços de apoio às vítimas. “Eu vi de perto o que é uma mulher viver isso e nunca segui esse exemplo. A violência contra a mulher só cresce e é preciso denunciar e oferecer proteção. Todo trabalho em prol da segurança feminina é válido", disse.
Simone da Silva relatou ter passado por violência psicológica e defendeu a necessidade de mais ações como a da Procuradoria da Mulher. “Sofri agressão sem levar um tapa, mas a violência não está só na agressão física. Ela também se manifesta nas palavras, no modo de tratar e no machismo velado que ainda existe. É fundamental combater isso para preservar a saúde mental e emocional das mulheres", pontuou a servidora da área da saúde.
Dossiê da Mulher mostra aumento de casos
Segundo o Dossiê Mulher, elaborado anualmente pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), em 2018 foram contabilizados 41.344 casos de lesão corporal dolosa, 71 feminicídios e 288 tentativas de feminicídio no Estado. A violência física foi predominante, com 42.423 vítimas registradas naquele ano, sendo a lesão corporal dolosa a forma mais frequente.
Além disso, a publicação evidenciou que a residência foi o principal local da ocorrência da violência: 62% dos feminicídios e 34,3% dos homicídios dolosos aconteceram em casa. E maioria das ocorrências de estupro também teve a residência como o principal local das denúncias (71,9% dos casos).
Os dados históricos do Dossiê Mulher evidenciam padrões que se repetem: agravos frequentes nas esferas doméstica e íntima, forte presença dos agressores entre familiares ou companheiros, e regularidade na subnotificação e anonimato nas estatísticas.