(Foto: Alcir Aglio) |
“Literatura é o caminho para uma boa sociedade”. É com este pensamento em mente que Maicon Branquinho e Atila Rodrigues decidiram pela criação da Feira Literária “Sopa de Letrinhas”, que, no momento, se encontra instalada em frente ao Colégio Estadual Dom Pedro II, no Centro de Petrópolis.
Há cinco anos atuando, de forma itinerante, por todo o município e, também, no estado do Rio de Janeiro, Maicon conta que o projeto não só tem sido bem-sucedido, mas, acima de tudo, tem transformado vidas. “Nosso objetivo é semear a literatura por onde nós passamos, com o objetivo de criar novos leitores e permanecer estimulando àqueles que já são. Muitas vezes, a pessoa não se permite adentrar esse universo da literatura por pensar que é algo muito caro, ou até mesmo chato. E a gente, aqui, tenta mostrar que o preço não é desculpa, por exemplo, já que vendemos boa parte dos nossos livros por R$ 2,00”, explica ele.
O barateamento do estoque, inclusive, só é possível por conta de um esforço coletivo, segundo Maicon. “A gente compra muita coisa, mas a maioria do que a gente tem é devido à revenda e, principalmente, de doações. E agora, temos recebido um grande apoio do Gabinete da cidade e de várias instituições”, diz.
“Manifestação silenciosa”
Engajados em ações de promoção da cultura e da educação, Maicon conta que o espaço administrado por ele e o sócio, Atila Rodrigues, é uma forma de “manifestação silenciosa”. “Sabemos que, no Brasil, a literatura e a cultura são minimizadas. Vivemos em uma sociedade que sempre desestimula o contato das pessoas à educação. Então, ter um espaço democrático como este é uma forma de manifestação silenciosa contra este tipo de discurso. De propagar a cultura em um país que não o leva a sério”, pontua.
Além disso, o fato de vender livros físicos em um momento da história onde a digitalização das coisas é cada vez mais presente, também é um ato político para eles. “O livro físico proporciona um relacionamento íntimo com o leitor. O contato próximo faz com que ele seja como um amigo, sempre presente. Permite uma autonomia, no sentido de que você pode largar tudo e se dedicar somente a ele, se fechar ali naquele mundo”, conta Maicon Branquinho.
Jovens engajados
Na barraquinha montada por Maicon e Atila, a presença constante de jovens é um fato que chama a atenção. Para a universitária Alice Rodrigues, de 21 anos, a literatura é uma parte essencial do dia a dia. “A literatura é uma maneira de poder se transportar do mundo real, conhecer outras culturas e novas formas de enxergar o mundo. Foi justamente por isso que, durante um momento difícil na minha vida, eu comecei a me agarrar ainda mais nos livros. E isso me ajudou a ver que, por mais que o mundo possa ser cruel, o fictício pode ser interessante e um escape dos dias mais duros”, conta.
É devido a isso, inclusive, que a jovem afirma que prefere o contato com a cópia física das obras, por proporcionar uma maior imersão na história que está sendo contada. “Na era da tecnológica, fica difícil que jovens entrem em contato com objetos físicos, como os livros. Mas, esta é uma experiência que faz falta no cotidiano. Reconhecer a diferença das páginas e sentir o cheiro dos livros recém impressos, por exemplo, são experiências únicas que permitem adentrar ainda mais naquele universo. Logo, é necessário que os jovens tenham a experiência de desligar as telas, e ver as palavras impressas em papel”, afirma ela.
Fonte: Diário de Petrópolis