(Foto: Ralph Braz | Pense Diferente) |
Localizado em São João da Barra há mais de 40 anos e fechado desde 2020, o Sesc de Grussaí reabrirá as portas, agora sob gestão do Sesc RJ, que promete transformar o espaço em um grande polo turístico. Com área de aproximadamente 1,8 milhão de metros quadrados e uma capacidade de receber 2.500 hóspedes, a unidade de Grussaí passará por grandes melhorias, de acordo com o presidente do Sistema da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ) e do Serviço Social do Comércio (Sesc RJ), Antônio Queiroz. Segundo ele, os projetos para o local começarão a ser definidos nos próximos 15 dias.
A unidade era administrada pelo Sesc de Minas Gerais, que estava enfrentando dificuldades estruturais desde 2019. Porém, durante a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, o fechamento foi anunciado em maio de 2020. Em entrevista exclusiva ao Jornal Terceira Via, Antônio Queiroz explica que as discussões para a mudança de gestão começaram após o fechamento do antigo Sesc Mineiro.
“Foram quase dois anos de negociações. A princípio, não haverá grandes alterações. Nós entraremos lá nos próximos 15 dias para definir o projeto e tudo o que faremos no espaço. Logo após, apresentaremos esses detalhes à frente parlamentar que representa esta região. Mas já existem duas coisas bem claras como objetivo: em primeiro lugar, temos como prioridade de contratação para as pessoas da região; segundo, priorizaremos as compras dos investimentos do Sesc no comércio local, então compraremos tudo na região, para que os recursos fiquem no entorno”, adianta o presidente do Sistema Fecomércio RJ.
Expectativas com o retorno
Toda a imponência do antigo Sesc Mineiro representava um valor estimado para a população, desde a tradição das feirinhas de artesanatos, o cenário rodeado pela longa extensão de muros, os passeios tranquilos de charrete à fonte de renda de cada um desses trabalhadores. Não foram apenas os funcionários efetivos do Sesc Grussaí que perderam os seus empregos, mas os profissionais autônomos também tiveram que se readequar.
Neide da Silva Santos é uma das proprietárias de um restaurante que, há quase 30 anos, fica nos arredores da unidade. Ela conta que o fechamento prejudicou seu negócio e a expectativa para o retorno é grande.
“Nós tínhamos muito movimento e o principal público vinha do Sesc. Além disso, teve a pandemia, que enfraqueceu ainda mais. Agora voltamos a abrir presencial, mas o movimento não é mais o mesmo. Sempre tem muitas mesas vazias e recebemos menos da metade do público que tínhamos durante o funcionamento do Sesc. Estamos muito felizes com a notícia do retorno e espero que tudo melhore, para todos”, fala Neide.
Morador de São João da Barra desde que nasceu, Evaldo Gaia, de 62, inaugurou o seu restaurante pouco antes de o Sesc de Grussaí fechar e também está animado com a volta do espaço. “Eu acredito que será muito bom para os moradores e acredito que trará uma influência positiva para os negócios locais”, conta.
Já Paulo Rangel Barreto, conhecido popularmente como Forró, tem 80 anos e parte da sua história foi vivida nos arredores do Sesc de Grussaí. Durante 36 anos, ele fez os tradicionais passeios de charrete no local. Ao ser abordado pela equipe de reportagem do Jornal Terceira Via, Forró estava pintando sua charrete, já se preparando para o retorno da unidade.
“Vi os meus filhos e netos casando durante o tempo em que trabalhei lá. Sempre tinha alguém que queria passear de charrete. Nós pegávamos a Avenida Liberdade, lagoa, praia, o Polo Gastronômico e depois deixava no Sesc. Mas se quisesse fazer o passeio até Atafona, a gente ia também. E eu estou me preparando para quando voltar, porque eu vou estar lá. Eu gosto muito de lidar com o povo, conversar, fazer amizade. A charrete eu já estou pintando”, comemora Paulo Forró.
Desenvolvimento econômico e turístico
De acordo com o superintendente de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico de São João da Barra, Wellington Abreu, a Prefeitura espera que o empreendimento leve revitalização para o município e região. “O município sofreu com o fechamento do Sesc durante a pandemia, com um nível de desemprego muito alto, pois tinha ali mais de 300 empregos diretos. Então, foi recebida com muita tristeza a notícia do fechamento. Vários chefes de família perderam os seus empregos. Hoje, estamos na expectativa de que não só retome com as atividades, com os empregos, mas que amplie também e sejam criados novos atrativos, que sejam feitas parcerias com o município”, diz Wellington Abreu.
Para o presidente do Sistema Fecomércio RJ, Antônio Queiroz, o principal objetivo de reativar o empreendimento é ajudar no desenvolvimento econômico da região.
“Os primeiros passos já estão sendo dados, mas ainda é cedo para definir a previsão de data oficial da reabertura. Já temos um projeto sendo desenvolvido, uma parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC), para instalar um parque de energia fotovoltaica. As demais coisas serão analisadas, mas o nosso objetivo é transformar o local em um grande polo turístico. A princípio, as estruturas serão mantidas, pois não está em nosso radar tirar absolutamente nada. Muito pelo contrário. Principalmente porque faz parte da história local. Nós queremos incrementar e fazer com que a população se sinta proprietária daquele espaço”, detalha Antônio Queiroz.
Ele adiantou alguns projetos futuros a serem implantados. “Uma coisa que nós também queremos implantar, que não tem, é a educação, por meio do Senac. O público pode esperar por maiores oportunidades, geração de receita para o município, emprego, não só no Sesc, mas no entorno, porque vamos atrair outros investimentos. Então, tenho certeza de que vai ser um grande diferencial para aquela região. Nós temos isso como objetivo e entendemos que esse é o papel do Sesc como ente social e da Fecomércio, agência de desenvolvimento econômico. Queremos revitalizar aquela região que teve um impacto muito grande com o fechamento da unidade. Que esse resgate seja o mais rápido possível e que possa trazer para a população bem-estar social, educação, saúde, enfim, uma série de outras coisas”, finaliza o presidente do Sistema Fecomércio.
Fonte: Terceira Via