O vereador Eli Corrêa (DEM) defendeu a morte de animais de rua em sessão da Câmara de João Pinheiro (MG), a 402 km de Belo Horizonte. As declarações foram feitas na última segunda-feira (19) e serão investigadas pelo Ministério Público. UOL tenta contato com o político, sem sucesso. "Cachorro na rua tem é que matar, cachorro em rua do jeito que vemos por toda banda, com problema e doença, amontoado, trazendo doença para população. (...) Cachorro de rua para mim é perder tempo. Eu, se passar por cima de um cachorro, nem olho para trás, penso que não tem dono", afirmou o parlamentar sobre como se comportaria caso atropelasse um cão.
As afirmações ocorreram após outro vereador apresentar projeto para instituir o mês de prevenção à crueldade contra animais na cidade, para conscientizar as crianças. O político sugeriu que a morte dos animais seria uma das saídas para resolver problemas de zoonose. "Quando tinha uma carrocinha de catar cachorro, doente morrendo, só ficava aquele que tinha certeza que era saudável, o resto morria tudo."
"É crime", diz deputado federal O deputado federal Fred Costa (Patriota), criador da Lei Sansão, que torna a punição mais rígida nestes casos, ficou indignado com as declarações. Após ter conhecimento, o político acionou a Polícia Civil, o Ministério Público e ainda mobilizou entidades nas redes sociais com apoio do delegado Bruno Lima (PSL), deputado estadual por SP.
"Motivo de indignação, ainda mais vindo de um parlamentar que tem obrigação de cumprir a constituição e as leis. Lamentavelmente, faz apologia aos maus-tratos, ignora a vida animal. Esperamos o contrário de um homem público. Não tem outra palavra, é crime", afirmou. O parlamentar também adiantou que vai sugerir abertura de processo administrativo na Câmara de João Pinheiro. "É preciso abrir uma comissão pela cassação do mandato e é preciso também que ele sofra as sanções penais previstas também".
O site tentou contato diversas vezes hoje com a Câmara da cidade para falar com o presidente e com o vereador envolvido. As ligações chegaram a ser atendidas pelos gabinetes, mas ainda não houve retorno sobre a solicitação da reportagem.
Político pode responder por apologia ao crime
O caso já está sendo apurado pelo Ministério Público. Conforme a promotora Luciana Imaculada de Paula, o vereador pode responder por apologia ou incitação ao crime.
"Recebemos a representação por parte do deputado. Ela será enviada ao promotor de Justiça de João Pinheiro para análise e providências no âmbito de suas atribuições criminais", explicou.
A Polícia Civil de Minas informou que ainda não foi notificada sobre o caso.
Fonte: UOL