(Fotos: Ralph Braz) |
Dezenas de moradores da comunidade da Margem da Linha, no Parque Rodoviário, em Campos, participaram ontem da primeira audiência pública sobre Habitação e Especulação Imobiliária, realizada no auditório do campus Centro do Instituto Federal Fluminense (IFF). Com base em um estudo elaborado em 2012, por professores e alunos do IFF e o Centro Juvenil São Pedro, moradores, poder público e entidades discutiram o crescimento imobiliário no local e a possível transferência de moradores para Ururaí, pelo Programa Morar Feliz.
A questão da transferência vem sendo levantada desde 2011, quando foram iniciadas as primeiras construções imobiliárias no local. Atualmente, além do Boulevard Shopping e do Condomínio Recanto das Palmeiras, pelo menos mais três empreendimentos imobiliários estão sendo construídos. De acordo com a professora do IFF e membro da equipe da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares do IFF Daniela Bogado, a situação de exclusão dos moradores da Margem da Linha vem se agravando. "A partir do final dos anos 90, o bairro recebeu empreendimentos imobiliários, inicialmente, com perfil 'popular', como o Recanto das Palmeiras e, posteriormente, com perfil de 'luxo', com condomínios residenciais e empreendimentos comerciais e a previsão de dois hotéis. Essa valorização da área, em função dos investimentos públicos e privados potencializam os rumores de que parte da Comunidade da Margem da Linha será removida", destaca.
Transferência prevista
A presidente da Associação de Moradores da Margem da Linha, Cristiane Gomes, de 40 anos, moradora há 38 anos, disse que tem gente que quer deixar o local, e outros não querem. "A área está se valorizando com esses empreendimentos. Porém, o que é bom para uns, não é bom para outros. A gente sabe que as pessoas que estão comprando terrenos nesses condomínios, não querem comunidade lá. Tem gente que quer sair, mas tem gente que quer ficar morando lá, até porque lá estão nossas raízes, nossa história. Vivemos hoje com um sentimento de insegurança", disse.
De acordo com a assessoria de comunicação da Prefeitura, cerca de 500 famílias já foram cadastradas no local e serão transferidas para o Conjunto Habitacional do Morar Feliz, em Ururaí, porém ainda não há previsão para a transferência. Já a assessoria de imprensa da secretaria municipal de Família e Assistência Social informou que como se trata de uma área federal, a transferência evita possível situação de risco social em que as famílias não tenham um lugar para morar.
Fonte: O Diário