sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Morre o cantor e compositor, aos 66 anos Arlindo Cruz


O cantor, compositor e instrumentista Arlindo Cruz, um dos maiores nomes da história do samba, morreu nesta sexta-feira, aos 66 anos, no Rio de Janeiro. A informação é de Babi Cruz, esposa do artista. Ele sofria com complicações ligadas ao acidente vascular cerebral hemorrágico sofrido em 2017. Desde então, o artista enfrentava uma série de internações, cirurgias e tratamentos intensivos, além de outras doenças.

Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento de Arlindo Cruz.

Figura central da renovação do samba nos anos 1980, Arlindo Cruz ficou conhecido ainda no início da carreira como um dos pilares do Fundo de Quintal — grupo fundado pelo Bira Presidente no Cacique de Ramos e que revolucionou o estilo —, além de construir uma carreira solo vitoriosa, com centenas de músicas gravadas, prêmios, homenagens e uma legião de admiradores.

Nascido em Piedade, na Zona Norte, em 1958, Arlindo começou a tocar cavaquinho aos sete anos, influenciado pelo pai e pelo tio. Aos 12, já tirava canções de ouvido. Na juventude, estudou teoria e solfejo na Escola Flor do Méier e frequentou a Escola Preparatória de Cadetes do Ar, em Minas Gerais, sem nunca se afastar das rodas de samba.
Internação

Em março de 2017, Arlindo sofreu um AVC hemorrágico em casa, enquanto se preparava para um show com o filho, Arlindinho. O sambista ficou internado por mais de um ano na Casa de Saúde São José, no Humaitá, na Zona Sul, enfrentando diversas cirurgias — pelo menos cinco delas na cabeça —, além de complicações como embolia pulmonar. Com sequelas neurológicas graves, teve a fala e a mobilidade afetadas.

Apesar do tratamento intensivo com antibióticos e do uso de óleo de cannabis desde 2022, que trouxe melhorias ao sambista, o quadro de Arlindo era delicado. Babi, companheira de quase 40 anos, e os filhos Arlindinho e Flora mantiveram a esperança, usando música e fé para se conectar com ele, enquanto desmentiam boatos sobre sua saúde e pediam respeito nas redes sociais. Flora, recentemente, foi à público reforçar que o pai seguia vivo e destacando a força da família diante da luta de oito anos contra as sequelas do AVC.

Arlindo estava internado no Hospital Barra D’Or desde o dia 25 de março, em tratamento contra um quadro de pneumonia agravado por uma bactéria resistente. Em julho, Babi afirmou que o marido já não respondia a estímulos, vivendo, segundo ela, “bem distante, no mundinho dele”, como revelou em trechos da biografia “O Sambista Perfeito”, de Marcos Salles, lançada este ano. A obra trouxe bastidores inéditos da vida do artista.

Do Fundo de Quintal ao Arlindinho

Sempre presente nas rodas, nos anos 1980 Arlindo se tornou figurinha certa nas lendárias quartas-feiras do Cacique de Ramos, berço de toda uma geração de bambas. Foi ali que se juntou a Jorge Aragão, Beth Carvalho, Beto Sem Braço, Ubirany, Almir Guineto e Zeca Pagodinho. Em 1981, entrou para o Fundo de Quintal, onde ficou por 12 anos, assinando clássicos como “Seja Sambista Também”, “Castelo de Cera” e “O Show Tem Que Continuar”.

Na saída, em 1993, abriu caminho para uma carreira solo, com a estreia de seu primeiro álbum, “Arlindinho”, e emplacou sucessos e turnês pelo Brasil. Entre dezenas de troféus, levou o Prêmio da Música Brasileira por quatro vezes, de 1994 a 2015, tendo sido eleito melhor cantor sambista em duas edições, além de ter sido indicado cinco vezes ao Grammy Latino.