terça-feira, 28 de outubro de 2025

TRE-RJ cria grupo de elite para combater fake news e mapear influência do crime nas eleições



O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) anunciou, nesta segunda-feira (20), a criação de um grupo de elite para combater crimes cibernéticos, fake news e deep fakes, além de realizar um mapeamento de seções eleitorais sob possível influência do crime organizado. A medida foi apresentada durante o painel “Organizações Criminosas e Eleições”, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que reuniu autoridades do Judiciário, Ministério Público e forças de segurança.

Ação conjunta contra o crime eleitoral

Segundo o corregedor regional eleitoral, desembargador Claudio de Mello Tavares, a iniciativa representa uma articulação “sem precedentes” para proteger a integridade das eleições. “Unimos o que há de melhor em nossas instituições de inteligência e segurança. Não estamos mais em silos. Somos uma frente unida”, afirmou.

O magistrado classificou a infiltração do crime organizado nas eleições como “uma das mais graves ameaças à fundação da República” e destacou que a força-tarefa vai mapear, identificar e impedir candidaturas com qualquer vínculo com o tráfico de drogas ou milícias.


Mapeamento de seções sob influência do crime organizado

O TRE-RJ também vai realizar um levantamento das seções eleitorais vulneráveis à coação de eleitores. Em locais considerados de risco, os pontos de votação poderão ser transferidos.
“Onde a presença do crime for uma ameaça, nós agiremos. Alteraremos locais de votação e construiremos fortalezas de cidadania para garantir que cada eleitor vote com liberdade”, declarou o desembargador.

Núcleo especializado contra crimes cibernéticos

Outra medida de destaque é a criação de um núcleo de combate a crimes digitais, que vai atuar especialmente no enfrentamento de fake news e deep fakes durante o período eleitoral.
“A guerra pela verdade é travada no mundo digital. Não permitiremos que a mentira envenene a vontade popular”, disse Mello Tavares.

O presidente do TRE-RJ, desembargador Peterson Barroso Simão, reforçou o compromisso da Justiça Eleitoral com a transparência. “Aqueles que transgredirem as normas certamente terão um encontro marcado com a Justiça Eleitoral”, afirmou.

Desinformação e discurso de ódio são temas de alerta

Durante o mesmo evento, a Escola Judiciária Eleitoral (EJE-RJ) promoveu um debate sobre o impacto da desinformação, da inteligência artificial e do discurso de ódio nas eleições.


A diretora da EJE, desembargadora Maria Helena Pinto, destacou que a desinformação se tornou mais sofisticada e difícil de detectar. “Hoje, as notícias falsas se parecem com a realidade e se espalham com a rapidez de um clique”, explicou.


Redes sociais e a radicalização política

A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Estela Aranha, apontou que a polarização política é amplificada por algoritmos e influenciadores nas redes sociais. “As plataformas digitais estimulam um reforço de identidade que leva à radicalização e à deslegitimação do adversário”, observou.

Ela alertou ainda para o uso de bots, a falta de transparência nas plataformas e os riscos do uso indevido da inteligência artificial na manipulação de informações.

Educação midiática como ferramenta de prevenção

O diretor-geral da Emerj, desembargador Cláudio dell’Orto, defendeu o fortalecimento da educação midiática como estratégia para reduzir o impacto da desinformação. “A desmobilização do eleitor é um problema crescente. Precisamos incentivar o acesso a fontes oficiais e confiáveis”, disse.

Dell’Orto citou o Programa Permanente de Enfrentamento à Desinformação do TSE como exemplo positivo de ação institucional para fortalecer a democracia.