terça-feira, 28 de outubro de 2025

Cláudio Castro afirma que Lula não vê segurança como prioridade




O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), voltou a criticar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por, segundo ele, não tratar a segurança pública como prioridade nacional. Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Castro reforçou que a ausência de apoio do governo federal prejudica operações em áreas dominadas pelo crime organizado.

“É uma crítica recorrente que eu faço: entendo que essa gestão não vê segurança pública como prioridade. Essa é uma crítica que mantenho”, afirmou o governador. Ele destacou que a falta de fiscalização nas fronteiras permite a entrada de armas de grosso calibre no país.


Fronteiras sob crítica
Castro lembrou que o Rio de Janeiro apreendeu 732 fuzis no ano passado e ressaltou que o estado não fabrica armamentos. “Essas armas estão entrando pelas fronteiras federais. Não há, pelo que a gente tem visto, ações efetivas. A Polícia Federal estourou uma fábrica de fuzis em São Paulo, o que é louvável, mas esses fuzis continuam entrando pelas estradas federais”, disse.


Operação mais letal da história do Rio
O governador também comentou sobre a operação policial desta terça-feira (28/10), considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com 64 mortos. Castro lamentou a morte de quatro policiais e classificou os agentes como “as grandes vítimas da operação”.

“Fico triste com nossos policiais que deram a própria vida para proteger a população. A princípio seriam 60 criminosos mortos. Na minha opinião, o policial é a grande vítima dessa operação”, declarou. Segundo o governador, 81 criminosos foram presos após 60 dias de planejamento, com acompanhamento do Ministério Público do Estado. “Todas as regras da ADPF das Favelas foram cumpridas”, garantiu.

Pedido de blindados negado
Cláudio Castro também revelou que o governo fluminense solicitou ao Ministério da Defesa o envio de blindados da Marinha para uso em operações em áreas de risco, mas o pedido foi negado.

“A resposta que nós tivemos é que, como o blindado precisa de operador federal, seria necessária uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem). O presidente já afirmou várias vezes que é contra e não dará GLO alguma. Então sabemos que não teremos ajuda dos blindados federais”, afirmou.

O ofício, assinado em 29 de janeiro, pedia apoio logístico da Marinha, incluindo veículos blindados, operadores e mecânicos. A solicitação foi enviada ao ministro da Defesa, José Mucio, e analisada pela Advocacia-Geral da União (AGU), que condicionou o atendimento ao decreto de uma GLO presidencial — o que não ocorreu.

Contexto de tensão entre estados e União
A declaração de Castro amplia o clima de tensão entre o governo do Rio e o Palácio do Planalto, especialmente após a operação que resultou em dezenas de mortes e reacendeu o debate sobre o papel das forças federais no combate ao crime organizado. O governador insiste que a ausência de apoio e de políticas nacionais integradas enfraquece o enfrentamento à criminalidade no estado.