domingo, 28 de junho de 2015

“Recebi R$ 60 mil para forjar provas na Operação Machadada”, diz envolvido

(Foto: Ralph Braz)
Um dos principais personagens da Operação Machadada, deflagrada em 2012 pela Polícia Federal, Jakson Meireles, então candidato a vereador que gravou conversas usadas como provas na investigação, revelou na tarde deste sábado (27), durante um programa de rádio apresentado por Carla Machado, que “tudo foi uma farsa”. Segundo Jakson, ele recebeu R$ 60 mil para procurar candidatos do então grupo governista, insinuar insatisfação com o seu grupo político e gravar as conversas depois utilizadas como provas para o crime de formação de quadrilha e assédio a candidatos do seu grupo. A operação culminou com a prisão em flagrante de Carla e Alexandre Rosa (PMDB) — à época candidato a vice-prefeito —, às vésperas da disputa eleitoral. O então candidato a vereador Zezinho Camarão e Betinho Dauaire (PR), candidato a prefeito, estariam, segundo ele, envolvidos diretamente na trama.

Jakson diz que teria sido induzido a seduzir candidatos do grupo governista para serem pegos numa gravação. “Sabíamos que a eleição estava perdida, mas poderíamos reverter no tapetão”. Ainda de acordo com Jakson, teria sido o também candidato a vereador, e desafeto declarado da ex-prefeita Carla, Zezinho Camarão quem o induziu a forjar tais provas, tendo como promessa “muito dinheiro e uma secretaria”.

— Camarão me chamou para que eu tivesse contato com vereadores da situação. Fui iludido, que ganharia muito dinheiro, teria secretaria. Camarão me instruiu em tudo que eu teria que falar enquanto gravava a conversa — relatou Jakson, alegando que era ele quem procurava o grupo governista, não o contrário, como foi relatado à época.

A primeira candidata a ser sondada por Jakson, à época, teria sido Soninha Pereira (PT), mas as conversas não evoluíram a ponto que, segundo ele, pudesse ser usado como algo suspeito. Depois, Jakson diz ter procurado Alex Firme (PMDB). Alex teria tido resistência inicial ao diálogo, mas Jakson usou como intermediário um amigo em comum, identificado como Fernando, para conseguir chegar a Alex e, posteriormente, gravar o diálogo.

Depois, Jakson buscou a então prefeita Carla Machado. Para intermediar o encontro, ele utilizou mais uma vez de um amigo em comum, neste caso, o então secretário de Pesca Eleilton Meireles. Jakson diz que gravou a conversa e apresentou ao seu grupo político. Ainda segundo ele, outro candidato do grupo de oposição, Rodrigo Rocha, gravou uma conversa com o candidato a vice-prefeito, Alexandre.

Já na reta final da campanha, Jakson procurou o candidato Elísio Rodrigues, o Elísio Motos (PDT), para conversar e gravar. Segundo Jakson, o pedido teria partido de Camarão e do então candidato a prefeito Betinho Dauaire (PR). Jakson relatou que os dois estiveram em sua casa para pedir que ele procurasse o candidato. Essa gravação foi essencial para a prisão de Carla e Alexandre em flagrante por formação de quadrilha, pois chegaria ao número de quatro envolvidos e continuidade de cooptação de candidatos do grupo oposicionista. “Camarão e Betinho foram a minha casa e pediram para gravar a conversa com Elísio, dizer que não ia bem na campanha, íamos perder a eleição”.

Operação Machadada — Desencadeada pela Polícia Federal em São João da Barra às vésperas da eleição municipal, na madrugada de 3 de outubro de 2012, a operação culminou com as prisões de Carla Machado e Alexandre Rosa, por suspeita de cooptação de políticos da oposição e formação de quadrilha. Apesar de não alterar o resultado das eleições, a operação teve como consequências ações judiciais na esfera eleitoral e criminal. No Facebook (aqui), Carla comemorou as declarações de Jakson, que, segundo ela, serão usadas no processo. “Hoje para mim é um dia muito feliz! Graças a Deus toda a trama organizada por Zezinho Camarão e Betinho Dauaire (Partido da República-PR) que teve a aquiescência do Delegado Paulo Cassiano foi revelada em nosso programa há pouco”, escreveu.

Durante o programa, Carla também relatou que as declarações de Jakson revelavam o porquê do então deputado federal Anthony Garotinho (PR) ter afirmado (aqui) que ela seria preso meses antes do fato ocorrer.

“Recebi R$ 27 mil para compra de votos no edifício Sunset”, relata Jakson

Além de falar sobre a trama que teria sido montada para incriminar a ex-prefeita Carla Machado e o hoje vice-prefeito Alexandre Rosa (PMDB), com o objetivo de mandato do prefeito Neco (PMDB), Jakson afirmou que recebeu R$ 27 mil na véspera da eleição para a compra de voto.

Uma denúncia de movimentação suspeita nesse edifício na noite que antecedeu o pleito de 2012 foi publicada nas redes sociais por Carla Machado, conforme o site SJB Online relatou aqui. “Recebi R$ 60 mil (pelas gravações) e no Sunset, para compra de voto, R$ 27 mil. Quem me passou o dinheiro foi um tal de Lucas Assed. Tinha mais dinheiro lá (no apartamento)”, afirmou Jakson, que, durante o programa, não deixou claro que o entregou os R$ 60 mil para forjar as provas.

Jakson relatou ainda que outros candidatos do grupo de oposição estariam cientes de toda a trama e que o prefeito Neco tomou conhecimento de toda suposta farsa em 2013, no início do seu mandato.





Fonte: Folha da Manhã | Blog do Arnaldo Neto