(Foto: Ralph Braz) |
Após décadas de erosão costeira em Atafona, São João da Barra, os banhos de mar foram retomados no trecho entre as ruas Ernani Alves e Nossa Senhora da Penha, mas sem autorização da Defesa Civil. O fenômeno era comum nos anos 40-50, quando os visitantes chegavam de trem para passar o dia na praia, depois de trocar de roupas na antiga Pensão Ivan. Hoje, o local volta a ser frequentado — o banho está proibido devido aos restos das construções destruídas pelas sucessivas ressacas, e a Defesa Civil promete sinalizar o local com placas informativas até sexta-feira — nos fins de semana e feriados por sanjoanenses e campistas, porém sem as inovações das capitais mostradas na areia nos anos 60-70, quando a orla marítima ficava repleta de vendedores ambulantes de picolé, refrigerantes, coco gelado, salgadinhos e doces, além de aulas de ioga, leitura de jornais e revistas, jogos de peteca e frescobol.
Hoje, no entanto, o cooper e as partidas de futebol permanecem em alguns pontos, mas o esporte aquático predominante são o surf e o katesurf (desporto que utiliza uma pipa comumente chamada pelos praticantes de kite e uma prancha de surf). Os passeios de barco, a construção de “piscinas” e castelos de areia desapareceram.
Frequentadora da praia desde criança, Renata Rocha observou que uma de suas brincadeiras, a catação de conchas, também desapareceu com o passar do tempo e as transformações na orla.
— Ia com minha tia, e sempre aproveitava para brincar na areia com minha irmã Rosana e meus primos. Hoje, não vejo mais conchas na orla. Também muita coisa mudou, e os grupos de amigos para bate-papos e jogos na areia antes do banho não existem mais. Era muito bom aquele tempo, que com certeza não voltará jamais — ressaltou.
Nos anos 80, a prefeitura em parceria com a iniciativa privada passou a realizar diversos shows musicais aos domingos, na beira-mar. Eram realizados nas imediações da antiga caixa D’Água, onde a faixa de areia era maior. “Participei de todos, e era muito bom. Todos os domingos tinha uma atração que levava todo mundo para lá. Fiz novas amizades, e sempre nos lembramos como começou a nossa amizade”, contou.
Já o banhista Rafael Coutinho, desconhece a proibição do banho na área, mas concorda quando outros amigos lembram do perigo oferecido pelas casas, que foram levadas pela água. “Os riscos são enormes, porque pode ter muito vergalhão escondido na areia e no mar”, disse.
O coordenador da Defesa Civil de São João da Barra, Adriano Assis, lembra que o trabalho de monitoramento no local, que compreende também o trecho Grussaí-Pontal de Atafona, é feito diariamente e que a retirada de placas informativas com a proibição é ação praticada por vândalos.
Fonte: Folha da Manhã