segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Eleições no Rio: Castro na fila e aspirante à reeleição, briga por candidatura ao Senado se acirra


Com duas vagas por estado em disputa no próximo ano, a eleição para o Senado promete deixar alguém insatisfeito no PL do Rio. O senador Flávio Bolsonaro tem candidatura considerada irrevogável, mas a segunda vaga já causa discórdia entre o governador Cláudio Castro, tido como candidato natural pelo partido, e o senador Carlos Potinho, que diz não abrir mão de tentar um novo mandato.

Logo após se reeleger em primeiro turno na eleição de 2022, o governador manifestou aos correligionários o interesse de tentar o Senado dali a quatro anos. Virou, então, o prevento para buscar uma cadeira no parlamento mais cobiçado pela classe política, que oferece mandatos de oito anos.


Depois, no entanto, Castro deu sinais difusos. Preocupado com a popularidade, cogitou nos bastidores concorrer a deputado federal, aconselhado por alguns aliados. Quando resolveu, por meio de decisão do ministro André Mendonça, pendências jurídicas no Supremo Tribunal Federal (STF), anunciou enfim que não disputaria nenhum cargo. Mas a posição durou poucas semanas e foi revista: ele voltou a falar publicamente sobre o Senado no mês passado.

— O governador vem antecipando esse debate há muito tempo. Sou candidato ao Senado. É uma eleição dura, mas não tenho problema de ficar sem mandato (caso perca). Vou conversar com ele— afirma Portinho.




Antes de falar com o EXTRA, o senador reiterou a candidatura ao programa Jogo do Poder, da CNT. No PL, a avaliação é de que Portinho adota uma postura precipitada ao se lançar. Castro, apesar da má avaliação no momento, tem um recall mais forte no estado, devido à votação expressiva de 2022, e conta com uma ampla rede de prefeitos aliados. Já o senador que busca um novo mandato era suplente de Arolde de Oliveira, morto no segundo dos oito anos para os quais foi eleito.

Ao cravar que será candidato a qualquer custo, Portinho sinaliza com uma eventual mudança de partido, caso o PL não lhe dê a vaga. No momento, contudo, ele evita considerar essa hipótese e pretende tentar convencer a legenda a endossar sua empreitada.

Entre correligionários, avalia-se que o senador, apesar de atuante em Brasília e líder da sigla na Casa, nunca foi testado nas urnas e representaria um risco eleitoral, considerando que o bolsonarismo tem o Senado como prioridade em 2026 — no Rio, o partido de Jair Bolsonaro trabalha com a ideia de garantir as duas vagas.

Além disso, sabe-se que no PL quem dá a palavra final é Bolsonaro, e a atitude de se colocar como candidato antes de o ex-presidente avalizar é considerada infrutífera. Quando fala sobre a eleição de senador no Rio, a maior figura da direita brasileira coloca Castro como nome natural e menciona também o presidente estadual da sigla, Altineu Côrtes.

Na política do Rio, todo mundo — de qualquer campo político — aposta que Flávio Bolsonaro tende a ser o mais votado em 2026 para o Senado. Em disputa, mesmo, estaria a segunda vaga. Castro calcula, como analisou em entrevista ao EXTRA em dezembro, que está em boas condições para abocanhá-la.

— Se pegar minha popularidade no interior, a votação que eu tive em 2022, e fizer uma conta aritmética junto com o histórico de todas as eleições de duas vagas para o Senado, você vai se impressionar — disse.


Sucessão no Guanabara

Ao mesmo tempo em que reitera que concorrerá, Portinho avalia que a discussão sobre o governo do estado deveria estar mais avançada que a do Senado. O grupo político de Castro, que além do PL é alicerçado sobretudo por PP, MDB e União Brasil, ainda não tem um nome consolidado para a eleição estadual, que deve contar no outro lado com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). O chefe da capital já aparece com pontuação expressiva em pesquisas internas e tenta avançar sobre siglas da base do governador, especialmente o PP, agraciado nesta semana com uma secretaria na prefeitura.



— Acho que estamos tendo muita preocupação com a minha cadeira de senador e pouca preocupação com quem será nosso nome para governador. Enquanto isso, Eduardo Paes avança para o interior, onde ele é mais fraco — diz o senador.

Tendo o Senado como prioridade absoluta — é lá que o partido consegue impor a agenda anti-STF —, o PL não pretende brigar pela cabeça de chapa na disputa pelo Palácio Guanabara. Tanto que os nomes citados no momento são de outros partidos da base, como o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), o vice-governador Thiago Pampolha (MDB) e o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB).