segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Briga na cúpula da Bola de Neve expõe sistema de arrecadação das igrejas


A pastora Denise Seixas, que era casada com o apóstolo Rina, fundador da Igreja Bola de Neve, afirma ter feito uma comunicação judicial ao Ministério Público do Estado de São Paulo após encontrar indícios de irregularidades supostamente cometidas pelo empresário Everton Cesar Ribeiro, ex-diretor financeiro da denominação e proprietário da empresa SIAF Solutions, que presta serviços para a Bola de Neve.

A defesa da pastora fala em suspeita de desvio de dinheiro e acusa Everton de agir irregularmente, junto com outros membros do conselho, para tentar assumir a administração da igreja.

A fala, que foi rebatida por ele em entrevista exclusiva ao UOL, expôs o funcionamento do sistema usado para controlar a arrecadação de dinheiro nas centenas de igrejas ligadas a Bola de Neve, presente em mais de 30 países

Por meio do seu advogado, Anderson Albuquerque, a pastora acusa Everton de ter retirado documentos e um computador da sede da igreja e se recusado a justificar contratos com empresas associadas a ele ou sua irmã, dificultando a transparência administrativa.

Segundo Aristides Zacarelli Neto, advogado de Everton, até o momento não há notificação oficial sobre um eventual processo. Everton diz que o computador citado é um notebook pessoal e que a pastora, em nenhum momento, fez uma solicitação formal.

Procurado, o Ministério Público informou que o caso está em segredo de justiça. A defesa da pastora alega que, por isso, não pode dar detalhes sobre as provas que teriam encontrado.

Formado em arquitetura de sistemas e técnico contábil, Everton criou a SIAF Solutions em 2007, uma empresa que, segundo ele, é especialista no fornecimento de um software de integração e gestão financeira para igrejas e empresas com filiais. O sistema serve para monitorar e fazer a gestão dos valores arrecadados pelas maquininhas, o que antes era feito manualmente

Everton contesta dizendo que essa taxa é menor que as praticadas por outras empresas de administração de cartões. Segundo ele, seria "impossível" ele reter pessoalmente esses valores pois a administração dessas taxas é feita pelas bandeiras dos cartões e pelas instituições bancárias.