(Foto: Fábio Fabrini | Folha Express) |
A Polícia Civil apreendeu R$ 405 mil e mais cédulas de dólares americanos, australianos, pesos argentinos, francos suíços e euros em casas do médium João de Deus em Abadiânia, no interior de Goiás, nessa terça-feira (18).
O médium está preso desde o último domingo (16) em Goiânia por suspeita de ter cometido abuso sexual a uma centena de mulheres. O Ministério Público de Goiás já diz ter colhido o depoimento de ao menos 500 vítimas.
A ação que buscou cumprir mandados de busca e apreensão nas propriedades do médium localizou ainda armas sem registro - uma delas com numeração raspada -, e uma grande quantidade de munição. O arsenal estava escondido em um fundo falso de um guarda-roupa.
Segundo o delegado André Fernandes, ainda não se sabe o motivo de o médium manter "armas e quantia alta de dinheiro em seus imóveis", informou. Fernandes informou à reportagem que João de Deus também responderá na Justiça pelo crime de posse ilegal de arma de fogo. Também será verificada a origem do dinheiro apreendido nas casas do médium.
Movimentação de R$ 35 milhões
Na decisão em que nega liminarmente habeas corpus a João de Deus, o desembargador Jairo Ferreira Júnior, do Tribunal de Justiça de Goiás, informa que o médium baixou aplicações financeiras de R$ 35 milhões em suas contas bancárias e solicitou um cheque administrativo, em seu próprio nome, o que lhe permitiria descontar ou transferir os recursos.
Ele descreve resumidamente a operação, ocorrida quatro dias após o escândalo de abusos sexuais vir à tona, ao mencionar os argumentos do Ministério Público de Goiás para a prisão do suspeito. "[João de Deus] teria efetuado saques de todas as aplicações financeiras em instituições bancárias no país, mediante emissão de cheque de ordem de pagamento, em favor próprio, totalizando mais de R$ 35.000.000, no dia 12 de dezembro de 2018, conforme alerta pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF)", escreveu o magistrado.
O aviso do Coaf, órgão que recebe comunicações bancárias sobre movimentações financeiras atípicas, foi feito à Promotoria de Goiás, que usou a informação para reforçar o pedido de prisão do médium. Os investigadores sustentaram que havia risco de ele estar ocultando patrimônio ou se capitalizando para uma fuga.
Nesta terça, o desembargador negou liminarmente o pedido para libertar João de Deus. No pedido de libertação, o advogado do médium, Alberto Toron, argumentou que seu cliente sofre constrangimento ilegal, pois a prisão teria sido decretada "sem comprovação concreta da necessidade de se garantir a ordem pública pela gravidade dos crimes, a incerteza para a instrução criminal e aplicação da lei penal, máxime porque não existem provas concretas de que o paciente teria abusado sexualmente das vítimas".
O desembargador entendeu que os argumentos levantados pela defesa não deveriam ser analisados numa decisão de caráter liminar (provisória), mas de mérito, a ser tomada pelo plenário do tribunal. Essa sessão só deve ocorrer após o recesso do Judiciário, a partir de 7 de janeiro.